O facebook deixa de moderar. Agora a mentira é possível. Muita coisa que não nos pareceria normal ontem, passa a ser encarado com a maior normalidade hoje. Por exemplo: agora podemos mentir à vontade sem que venha aquela nota que anuncia denuncia por termos publicado algo que não está consonante com os padrões estabelecidos. Não há padrões estabelecidos.
Por um lado, os padrões eram tão pouco fiáveis que às vezes as denuncias só davam para rir. Mas enfim, avancemos. O dono desta geringonça assumiu honestamente que a decisão tem a ver com a eleição do perigoso imbecil que agora vai mandar como imperador déspota lá nas américas. E os imbecis estão encantados. Agora lançam bojardas sem controle. Ou seja: agora, se escrevermos aqui mentiras, eles não serão desmentidas por nenhum poder empresarial ajustador. Sem lei nem legislador. À bruta. É o mais desbragado liberalismo a funcionar.
Exemplos: Trump é um sexista violador e obsceno e gaba-se disso entre os seus pares. Trump estimula os seus apoiantes para acções criminosas. Trump foge ao pagamento de impostos e gaba-se disso. Muitos americanos conseguiram eleger um criminoso para a Casa Branca e sabem o que fizeram. Ele só faz pela vida. A sua vida. Votaram num indivíduo ridículo que é como eles. Musk é um depravado fascista que quer fazer do mundo um quintal particular. Musk não é génio nenhum, como pensam os idiotas que o seguem cegamente. Musk é um doido varrido, sem maneiras, que compra ideias e gaba-se delas como se fossem suas. Os dirigentes da extrema-direita mundial mentem descaradamente e quando são apanhados transformam-se em vítimas de mentiras da esquerda. A extrema-direita, os novos fascistas, são gente sem maneiras e sem respeito por ninguém.
Não seria possível descrevermos aqui mentiras deste calibre anteriormente, mas agora pode-se. Estamos a assistir à normalização da anormalidade.
Nota: dizem-me aqui ao lado que estes exemplos não são mentiras, são verdades. Sim, claro, é um ajustamento aos tempos vindouros. A mentira é a verdade da extrema-direita. Chafurdam nela como recos. Com a licença dos porcos, que não têm nada que ser para aqui chamados. Coitados... dos porcos.
[O título deste post pertence a um texto de José Afonso. Achei que ficava aqui bem]
Imagens: CNN / Evan Vucci/David Zalubowski/Alex Brandon/AP