terça-feira, 22 de outubro de 2024

O fumo e o fogo

Um policia matou Odair. Odair Moniz tinha filhos menores, era respeitado, pretendia ter uma vida como todos nós. Tinha um negócio no bairro. Foi assassinado por um agente fardado que acha que pode matar. A polícia actua sempre a matar. Parece que lhes está no sangue ver sangue. Em tempos, um primeiro-ministro que agora é secretário-geral da ONU dizia que "num país civilizado a polícia não pode matar". O actual primeiro-ministro tenta esgotar a agenda da extrema-direita e torna razoável o ataque racista. O presidente da Câmara de Lisboa também quer polícias a "corrigir" delinquências de pacote sem se aperceber dos problemas que poderiam surgir com a execução desses poderes. A direita é sempre assim: protege os de cima contra os de baixo. Não somos todos iguais. Nem os primeiro-ministros, nem os representantes autárquicos. 

No Zambujal, Amadora, onde agora aconteceu este crime, a população está revoltada. Estamos em sítio de actuação permanente da polícia, que não o faz em outros sítios onde outra gente "de bem" vive e faz porcaria mas sempre protegida pelos seus colarinhos engomados. Claro que não se justifica esta acção violenta. Nunca se justifica a violência. Mas acontece que a extrema-direita veio justificar o crime fascista. O fascista que comanda os cinquenta fascistas que vegetam no parlamento actua no estrado mediático sempre que algo mais incompreensível surge nos monitores televisivos. Veio normalizar o discurso racista. Nas redes sociais a extrema-direita sai em aplauso dos crimes policiais. Querem o polícia assassino condecorado. 

Os repugnantes fascistas mentem e manipulam sem freio. É preciso que a polícia que actua nestes locais seja bem formada. É preciso que saiba reagir perante os menos protegidos como reage perante os protegidos pelo colarinho branco. António Guterres, primeiro-ministro na altura em que um ataque  policial racista aconteceu, tinha razão: a polícia num regime republicano e democrático tem de ser civilizada. Acrescento: a polícia deve ser factor de segurança mas percebendo que somos todos diferentes. É assim que se faz em sítios civilizados.  A extrema-direita fascista tem de ser erradicada das polícias, onde está fortemente implantada nos quartéis e cabeçoras dos agentes. PSP e GNR actuam como forças militares do partido fascista que vegeta no parlamento.

O polícia que matou um homem honesto é um criminoso. Não é bonito de se ver o que sucedeu a seguir, mas a violência é a espoleta de mais violência. Nas televisões já se ouvem "especialistas" que "dão aulas" a futuros agentes dizerem que "se o agente acertou na axila é porque não queria matar". Onde é que estas criaturas aprenderam estas teorias científicas? O papel da polícia não é atirar sobre ninguém. A polícia deve evitar estas situações. Nunca incentivá-las, nem justificá-las.
A extrema-direita fascista não se normaliza. Combate-se. Os polícias fascistas não são civilizados. São racistas, homofóbicos, sexistas, incivilizados. Com esta gente ninguém está em segurança. Vivemos tempos preocupantes. Mesmo.

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