sexta-feira, 31 de março de 2023

Receituário


A palavra precisa de ternura 
José Afonso

CONVITE | Os trabalhos avançam já em velocidade de cruzeiro. A exposição/instalação abre no dia três às sete da tarde. Podem aparecer por cá. Há voos directos Lisboa/Montpellier.
Quem não vier vê depois os bonecos.
LES MOTS/AS PALAVRAS
Matières transformées
Avril, 2023. Espace Jacques 1er d'Aragon
Place de la Révolution Française. Montpellier

quinta-feira, 30 de março de 2023

José Duarte


Um dois... Um, dois, três, quatro, cinco minutos de jazz. Anos e anos a ouvirmos e "ouvermos" este senhor. Morreu o mais saliente divulgador do jazz em Portugal. Exigente, rigoroso na opinião, mas generoso na apreciação do que considerava ser a boa música. Foi bom viver no seu tempo. Muito obrigado. E até jazz.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Hediondo

O QUE DIZ O MERDAS | Houve um ataque hediondo praticado por um criminoso que não é português. Claro que há criminosos em Portugal que dão cartas a estes estrangeiros que têm muito que aprender. Mas a criatura Ventura, com a energia que coloca logo em tudo o que diz, chamou jornalistas, falou aos deputados e, mais uma vez, das muitas em que actua nas suas demonstrações de ódio, lançou as atoardas do costume sobre a escolha que deve ser feita das pessoas que devem morar perto de nós. Hitler pensou assim. Putin pensa assim. Ventura pensa pouco, mas sempre mal e porcamente. O cretino culpou o primeiro-ministro português do assassinato. A ele ninguém o culpa de nada, não é verdade? A imbecilidade é livre. Ele pratica-a com esmero. Agora com antena sempre por perto. É uma espécie de bar aberto da estupidez fascista. 

Imagem: Ilustração de João Fazenda para Visão

terça-feira, 28 de março de 2023

Lá fora

As palavras armazenam-se como torrões maduros
São flexíveis à memória são marinheiros em terra
Acontece dizer: levantem-se e caminhem
Mas quem somos e que hábito envergamos?
As palavras entontecem
Quando dispersas levantam rumos vários 
José Afonso

LES MOTS | Parto deste poema de José Afonso para esta exposição/instalação em Montpellier. O cartaz "esclarece" o pessoal lá do burgo, mas a iniciativa é comemorativa dos 20 anos de uma associação envolvida na Cultura portuguesa - Casa Amadis. O texto que consta no prospecto da exposição é da autoria da Ana Nogueira. Excelente texto. Depois divulgo.
E depois também mando convite, para quem quiser aparecer. Nem que seja à distância. Até já.

segunda-feira, 27 de março de 2023

DIA MUNDIAL DO TEATRO


Muito obrigado, actrizes, actores, dramaturgos, encenadores, cenógrafos, técnicos, enfim, gente do teatro de todo o mundo.

domingo, 26 de março de 2023

Ver ao longe, aqui tão perto



Muito perto de Lisboa e de Setúbal — no Poceirão, Palmela — existe um Centro Cultural com programação de excelência. Em edifício construído de raiz para albergar cultura, poisam fazedores de objetos e atitudes de arte e cultura de elevado gabarito e muito agradável fruição. Bateu-me nas lentes o programa instalado no exterior do edifício. Caramba. o Grupo de Montemuro vem ao Poceirão?! Um dos meus preferidos. Um grupo em que a energia e a vontade de olhar de maneira diferente para o mundo nos inebria de conforto intelectual.

Não vou estar presente — estou em Montpellier a tratar da minha exposição/instalação individual — mas recomendo a quem estiver por perto. Ou mesmo a quem estiver um bocadinho mais longe. Vale a pena o trajecto. E ponham-se a pau com a programação do Centro Cultural do Poceirão.
O Último Julgamento, Grupo Teatro de Montemuro
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sexta-feira, 24 de março de 2023

António Mega Ferreira


Completaria neste sábado, 25 de março, 74 anos. O seu reconhecimento pelo conhecimento mergulhava-o numa profunda curiosidade intelectual. Queria conhecer tudo. E inventava conhecimento. Imaginou que Casanova teria passado por Lisboa, e essa história imaginada permitiu que mergulhasse profundamente na geografia italiana. Escreveu livros sobre Itália. Roma era a sua cidade depois de Lisboa. Mas era sobretudo um lisboeta apaixonado pela sua cidade. Considerava a política um departamento da cultura, e ignorava os políticos que a desprezam. Infelizmente são muitos, os maus políticos. Foi um ser humano excepcional, goste-se ou não se goste dele. Eu gostava muito dele. 

quarta-feira, 22 de março de 2023

Receituário





É PRECISO SAIR DA FLORESTA, PARA SE PERCEBER A FLORESTA | O soberbo trabalho de grandes dimensões que ornamenta o convite anexo, é testemunha do percurso encetado por Ana Nogueira por esta floresta de L. A natureza envolve-se com a sua recriação em suportes que não lhe são estranhos, mas que aqui ganham contornos de sofisticada aproximação. Olhar para estes trabalhos é um prazer. Um conforto que só a Arte nos concede. Amanhã vamos falar de tudo isto, no encerramento da exposição na DDLX. Se puderem apareçam. 
Até lá.

terça-feira, 21 de março de 2023

Dar ao badalo


Vamos falar com Domingos Rego sobre o seu “processo criativo” assim, entre aspas, porque muito sinceramente a gente sabe lá o que dizer sobre o processo criativo de cada um? Vamos pôr os óculos na cara para vermos melhor e tentarmos perceber alguma coisa, e para dizermos o que nos apetecer, porque isto é mesmo assim.

Dia Mundial da Poesia | Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racional


Hoje assinalam-se duas atitudes: a defesa da literatura na sua liberdade máxima e a defesa do fim da prática do incivilizado racismo. Escolhi esta música de José Afonso para as comemorações. Recordo que a poesia de José Afonso foi recentemente republicada, logo, a associação entre comemorações fica assim partilhada. Um muito bom dia para os meus amigos: com sol, amizade e luta em defesa do que nos faz crescer, contra o que nos tenta fazer mirrar. 

domingo, 19 de março de 2023

Rui Nabeiro


UM EMPRESÁRIO DIFERENTE | Destacou-se dos empresários sedentos de lucro fácil e agressivo. Preocupou-se com as pessoas. Foi um homem entre os outros. Enriqueceu mas não se esqueceu dos outros. Dos que com ele sempre estiveram, mas também dos outros que quiseram trabalhar para ele, com ele. Tenho a melhor opinião deste homem. Agradeço-lhe a postura e a atitude.

Onde terei deixado eu os óculos?

RECEITUÁRIO | Dia 25 vamos conversar. Dar à língua é um excelente remédio. Faz bem à saúde. Mental e física. Até lá.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Receituário



Artes performativas de gabarito em perfeito desalinho nos estrados da
Casa Da Cultura | Setúbal. Excelente oferta para um sábado depois de jantar. 

E bom fim-de-semana.

Próximo dia 18 de Março às 21:30 na Casa da Cultura integrado nas comemorações do mês do teatro!! Leitura encenada/Performance teatral a partir do “Memorial do Convento” de José Saramago centrada na personagem do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e no sonho de voar. Mais Blimunda Sete-Luas e Baltasar Sete-Sóis... Pairamos, ouvimos e deixamo-nos levar pelas palavras... ou será pelo vento?

Ficha artística
Criação e Interpretação: Graça Ochoa e Ricardo Guerreiro Campos
Dramaturgia: Graça Ochoa
Vídeo e imagem : Samir Noorali
Fotografias: Leonardo Silva

quinta-feira, 16 de março de 2023

Já que estou com a mão na massa...

Os fascistas chungas querem lugar na vice-presidência da Assembleia da República. Os mais-ou-menos-fascistas da Iniciativa Liberal também. Agora, os mais-ou-menos-fascistas da Iniciativa Liberal atiraram com uma à Estado Novo salazarista. Chamaram comunistas a toda a gente no parlamento: gente do PS, PPD/PSD, PCP, Bloco de Esquerda, Livre, e, pasme-se, Chega, todos, todos sem excepção são comunistas. Isto é: quem não é por nós é contra nós. E comunistas, pois então. O rapaz teve uma paragem cerebral? Não, tem é saudades de métodos que não conheceu. É burro?, não: faz-se. Mas as figuras de cretino que protagoniza ninguém desmente. A chusma de anormais que havia de invadir aquela casa. Chiça!

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As minhocas fascistas

Os chungas do Chega insistem. Querem alguém seu, um chunga pelos chungas escolhido, na vice-presidência da Assembleia da República. Iniciaram o processo propondo um notório e repugnante fascista, operacional de organizações que combateram a democracia nos primeiros anos. E lá vão insistindo, pensando que basta pendurarem uma gravata no pescoço para parecerem civilizados democratas. Não basta, um fascista é um fascista, mesmo com gravata e fato de ir à missa. Um fascista não se quer na casa da democracia. Muito menos na sua presidência. Os facistas não se respeitam, combatem-se!

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quarta-feira, 15 de março de 2023

Finissage

A Floresta de L encerra no próximo dia 23. O encontro para a despedida está marcado para as seis e meia da tarde. Vamos conversar e conviver. Convidados.

terça-feira, 14 de março de 2023

O Jorge

Lembro-me do Jorge Silva Melo desde o tempo em que a minha vontade de ver, ler, ouvir  e dizer coisas encetou a curiosidade pelos estrados da representação teatral. Ou seja: pela interpretação da vida. 

Jorge Silva Melo e Luís Miguel Cintra estavam então a renovar os movimentos dos corpos e a maneira de representar os textos nos estrados. Mudaram o teatro e a maneira de o olhar. Inovaram de tal maneira que tudo era estranhamente cativante. Mas depressa nos habituámos àquela nova respiração. Era tudo tão novo, tão diferente do que se fazia até ali. Parecia que depois daquilo os espectáculos manhosos nunca mais espreitariam pelas aberturas dos panos dos palcos. Aí enganámo-nos. Ainda hoje a parvoíce alastra. 

Fiz quilómetros para perseguir o trabalho de companhias como a Cornucópia, a Barraca, o Seiva Trupe, o TEP, a Comuna, os Artistas Unidos e outras encenações tão fora da norma que nos deixavam com a poderosa sensação de estarmos num tempo inicial. De sermos alguém. E éramos. E somos. Crescemos culturalmente graças a gente da cena teatral, musical e literária como Jorge Silva Melo, Luís Miguel Cintra, João Mota, Maria do Céu Guerra, Bernardo Santareno, João Guedes, Estrela Novais, António Reis, Júlio Cardoso, José Afonso, Fausto, Sérgio Godinho, Lia Gama, José Mário Branco, Luís Cília, Cristina Reis, Helder Costa, Filipe La Féria (na Casa da Comédia, muito antes das pimbalhices de agora), Manuela de Freitas, Irene Cruz, João Lourenço, João Brites, Mário Viegas... Enfim, esqueço-me de nomes, óbvio, mas estes são os que me assistem a memória ao correr do teclado.

Muito mais tarde estreitei amizade com o Jorge Silva Melo, quando pusemos em prática o seu projecto EM VOZ ALTA, onde tlevou à Casa da Cultura - Setúbal, actores de evidente gabarito em recitação dos nossos maiores poetas. Lembro-me dos jantares antes das sessões, no restaurante que servia uma tortilha que tanto lhe agradava. Eu também gostava da tortilha. Que bem me sabia o manjar. Que bom foi ter sido amigo do Jorge. Saudades.

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Lembrar quem merece



Marielle Franco foi assassinada há cinco anos. Uma mulher notável foi morta por delinquentes próximos do presidente de então. A delinquência estava no poder. A morte saiu à rua. Lembramos Marielle e prometemos honrar a sua memória. Os novos velhos fascistas não passarão. Não podem passar. São velhos como os velhos fascistas. 

segunda-feira, 13 de março de 2023

Saudade

O João Paulo Cotrim completava hoje mais um ano de vida. Haveria festa. Beberíamos uns copos. Muitos amigos apareceriam. Contávamos histórias passadas. Inventávamos outras. Dávamos abraços. Provavelmente inventaríamos mais uma coisa qualquer: livro, revista, prospecto, vídeo, ornamento gráfico para festa ilustrada. Faríamos trinta por uma linha. Todos juntos. 

Estamos aqui todos. Temos vontade de fazer tudo isso. Temos saudades tuas. Habitas na nossa memória. Não te esqueceremos. 

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domingo, 12 de março de 2023

Vale a pena dar o salto

 

Mais um ano de vida. Isto de estar vivo não dura sempre, mas enquanto dura que seja com a alegria de estar vivo e com os amigos. Com quem amamos e partilhamos os dias e as vontades. Com gente por perto, sempre. Gente que é gente e faz coisas. Pedi ao Sérgio para vir aqui cantar o meu "parabéns a você" preferido. Sim, porque aquele que a malta canta nos aniversários é de enregelar os ouvidos. É tão bom estar aqui com vocês. Muito obrigado por isso.

sábado, 11 de março de 2023

Receituário

Hoje há "emergências", de Tiago Sousa, na Casa Da Cultura | Setúbal
A boa música não se dispensa - frequenta-se. Até lá.

Neste concerto na Casa da Cultura, Tiago Sousa irá revisitar temas dos seus lançamentos mais recentes, Ripples on the Surface e Organic Music Tapes vol 2. Álbuns em que encontramos, em contraponto com as suas composições para piano, uma forte presença do órgão eléctrico, e que revelam uma motivação determinantemente sónica, influenciada pelo minimalismo americano dos anos 60, em particular Terry Riley, Steve Reich ou Philip Glass. Ao mesmo tempo, um novo carácter toma conta do discurso pianístico de Tiago. Aqui encontramos composições orgânicas, em estado fluido, que formam nebulosas de sons de contornos indeterminados. A música de Tiago tece-se com o próprio tecido da vida – que dá forma aos rios, que revela a forma dos veios da madeira, da fibra nos músculos ou das marcas numa pedra Jade.

sexta-feira, 10 de março de 2023

A nova direita velha

A cor da pele 

Não é motivo 

Pra distinguir 

José Afonso em "O homem novo veio da mata". álbum "Enquanto há força"


No Reino (pouco) Unido, uma ministra filha de migrantes quer correr com os migrantes que vão dar à costa lá da ilha. Isto num país em que o primeiro-ministro é também filho de migrantes. O racismo e a xenofobia já atravessam a pele sem olhar para a cor. É assim mesmo: as diferenças são políticas. 

Por cá, no país Portugal, o ser desprezível que lidera o partido Chunga no parlamento, apontou aos berros o seu deputado de origem africana, para dizer que os chungas não são racistas. Claro que a criatura não percebe (ou percebe, mas aí é o populismo a funcionar) que essa discriminação — alardeada com a alarvidade e violência que o caracterizam, ainda por  cima — só por si é de um racismo atroz. 

Também cá no burgo, mais recentemente apareceu uma senhora de evidente origem africana, saída do partido fundado pelo trapalhão Santana Lopes, em defesa de uma nova direita que ela pretende apresentar como salvadora da direita civilizada. Pretende substituir o moribundo CDS, diz que não tem "linhas vermelhas" e que sim, com os chungas tudo. Se é isso que quer, porque não alinhar já com os chungas? Os chungas agradeciam o ornamento. Mas percebe-se: todos querem brilhar.

As diferenças civilizacionais e culturais não estão na cor da pele. Aí somos todos iguais. O busílis está nas vivências, na aprendizagem, na curiosidade intelectual, na cultura adquirida e que se quer adquirir, no respeito pela diversidade, no sermos solidários com quem não é como nós, na interpretação do mundo e das suas histórias. A diferença entre esquerda e direita continua a fazer sentido. A esquerda interpreta sempre melhor o passado. Às vezes erra, é certo. Mas a direita erra sempre, mesmo quando disfarça. Ao que defendem os novos direitistas "não-racistas" desejo a maior infelicidade na política. Com amigos destes, os que defendem que a cor da pele não é motivo para distiguir não precisam de inimigos.

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Do cravo e da ferradura


Na política: Depois de no outro dia ter dito que quatrocentos casos não são nada por aí além, o Presidente Marcelo disse agora ao Público que conferência de imprensa de Dom Ornelas foi uma desilusão. Vá lá, vá lá. Demarcou-se da atitude dos seus líderes religiosos, portanto.

Na religião: O bispo de Évora anulou funções de padres supostamente pedófilos, e diz que é isso que devem fazer todos os bispos. Temos que ser justos. "Nem tudo vai mal no reino da Dinamarca".

O próprio Dom Ornelas já veio dizer que passou mal a mensagem. Ou seja: provavelmente foi um problema de marketing, não desmentindo o que é suposto pensar do assunto. Aqui é mais: "tudo como dantes, quartel-general em Abrantes". 

Conclusão: a atitude mais comum é "dar uma no cravo, outra na ferradura".

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quinta-feira, 9 de março de 2023

Design de comunicação

Da série Grandes Artistas. Escreveu e ilustrou. Muitas das ilustrações que fez foram para capas da The New Yorker, revista muito popular aqui nesta secção. A porquinha Olivia foi a sua mais famosa criação. Morreu aos sessenta e três anos deixando um rasto de talento, imaginação e assertividade. Muito obrigado, Ian Falconer.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Les mots



As palavras armazenam-se como torrões maduros
São flexíveis à memória são marinheiros em terra
Acontece dizer: levantem-se e caminhem
Mas quem somos e que hábito envergamos?
As palavras entontecem
Quando dispersas levantam rumos vários
José Afonso

AS PALAVRAS | Parto de um poema de José Afonso para esta experiência fora de portas. Sair da zona de conforto para encontrar outro conforto. O que vou fazer em Montpellier instala-se no território da instalação — adoro pleonasmos — e convoca outras disciplinas da comunicação visual. Não sei o que lhe chamar. A Ana Nogueira, que explica a coisa pelas palavras a colocar na publicação que vai acompanhar a viagem, irá dizer de sua justiça. O Tito Lívio, que prepara o terreno lá na zona, também. E vocês, os meus amigos que vão acompanhar tudo por perto ou à distância, vão também fazer o vosso julgamento. Eu limito-me a trabalhar. Todo este trabalho tem referências, que são literárias e literais: cinco amigos, recentemente retirados do nosso convívio, são referenciados: José Afonso, João Paulo Cotrim, Fernando Sobral, Jorge Silva Melo e António Mega Ferreira. Devo-lhes muito, quase tudo, e eles merecem tudo. É para eles este trabalho, que é uma carga de
 trabalhos, mas que me vai dar muito prazer. Ou quase. Até já.

Dia da Mulher

Mulher na democracia/ não é biombo de sala.

[José Afonso]

Hoje, dia 8 de março, comemoramos a existência das mulheres no mundo. Podia colocar aqui imagens das mulheres a quem são recusados todos os direitos. Vivem no Afeganistão, no Irão e em outros territórios governados por homens sinistros. Um sexismo perpetrado por
sexistas/machistas/misóginos extremistas, impede as pessoas do sexo feminino — ía escrever "as suas companheiras", mas eles sabem lá o que isso é —, de existir. As mulheres não têm direito à educação, ao emprego, a conduzir automóveis, a viajar, a exercer cargos públicos, a nada. São apenas "utilizadas" para manter a espécie. Estes ferozes teocratas representam o pior da espécie humana.

Podia colocar aqui imagens das mulheres a quem são recusados todos os direitos, dizia eu. Não o faço. Celebro a alegria de ser Mulher, assim com M grande. O direito a aprender, fruir da cultura, fazer por ser feliz, viver. O cartaz que publico divulga o Festival de Montreux do ano de 1976, e é da autoria do grande designer Milton Glasser.
Bom dia da mulher para todas e para todos.

terça-feira, 7 de março de 2023

Cada cavadela... Minhoca II


O senhor bispo de Beja diz que castigar judicialmente os padres abusadores não "é lá muito católico". Todos temos perdão. Sempre foi assim, na igreja católica. Então e não é que o senhor bispo tem razão!? Com um católico é assim: deu porrada na mulher, ou foi às putas, ou molestou uma criança? Não tem com o que se preocupar. Vai ao confessionário, o confessor decreta umas avé-marias e uns pais-nossos e segue com a sua vida até aos próximos
pecados. Ficam sucessivamente perdoados porque todos somos pecadores. Esta gente perdeu definitivamente o tino. Ou nunca o teve, porque tudo lhes era permitido. Gente repugnante.

segunda-feira, 6 de março de 2023

Cada cavadela



Às vezes até parece que lhes parou o cérebro. Depois de Dom Ornelas incendiar a nossa paciência com disparates ofensivos da razoabilidade, vieram agora estas duas alminhas de deus atirar mais achas para a fogueira. Indemnizações aos abusados é ofensivo. E garantem que lhes foi entregue uma lista de nomes que não diz nada. Provavelmente exigem testemunhas e só o pleno delito prova os abusos. Estas duas criaturas parecem personagens de série humorística. A chatice é que não têm graça nenhuma. Gente repugnante.

domingo, 5 de março de 2023


 

Domingos Rego






Abrimos ontem a notável exposição de Domingos Rego na galeria da Casa Da Cultura | Setúbal. Foram momentos de bom convívio e de reencontros. E exposição vai estar por aqui durante todo o mês de março. Dia 25 vamos ter uma conversa, eu com o Domingos, inserida no ciclo de encontros "alguém viu os meus óculos?". Vamos dar ao badalo a partir das seis e meia da tarde. Claro que é fundamental termos mais gente a conversar. Conversar com Doimingos Rego é sempre um prazer.

[As fotografias da abertura da exposição são da Ana Nogueira].

sábado, 4 de março de 2023

Obrigado, Senhor


Dom Ornelas perdeu o dom da decência. Ora, quem perde este dom também perde a vergonha. A conferência de imprensa que os bispos convocaram só serviu para tentar mostrar que quem se mete com os altos dignatários da igreja católica tem de esperar sentado por uma decisão justa. Os reconhecimentos de culpa e consequentes expulsões dos prelados católicos deve, com toda certeza, ir primeiro a despacho aos serviços do céu, para que as almas do outro mundo se pronunciem sobre culpas e equívocos, e só depois enviados para a esfera terrena para que as criaturinhas de deus deste mundo se pronunciem e castiguem os seus protegidos pecadores. Mas também devemos contar com a possibilidade de a resposta ir parar ao lixo electrónico, por a caixa de correio da paróquia estar cheia. Dom Ornelas perdeu o dom da decência porque para além de tentar explicar as razões de se colocarem entraves ao reconhecimento das culpas, deve pensar que somos todos parvos. Deus lhe perdoe, que eu não tenho vagar.

sexta-feira, 3 de março de 2023

Receituário

OUTRAS PAISAGENS | Coisas para fazer este sábado. Abertura de duas exposições na Casa Da Cultura | Setúbal: Domingos Rego, com pintura, desenho e fotografia, na galeria da casa, e Maria João Cerol com as suas imagens musicadas, no Espaço João Paulo Cotrim.

Escrevinhei este texto para os trabalhos do Domingos. Vai figurar na folha de sala, que é também um bonito objecto visual, digo eu, que sou suspeito.
"É de uma outra paisagem que falamos, quando olhamos a paisagem que Domingos Rego desenha. Uma interpretação muito própria da obsrevação. Talvez mesmo uma reinvenção. Os objectos que o artista recria, a partir da observação do espaço que o envolve, envolvem-nos, ao mesmo tempo que os observamos, nessa vontade de os vermos de outra maneira. Observação sugerida com requintes de sofisticada objectidade. Esta natureza que são frutos, ramos, galhos, areias, pedras, horizontes, uns definidos, outros deixados à nossa imaginação, e outros conteúdos também pouco definidos que aqui ganham vida e se movimentam, arrastados pela nossa maneira de ver. Adivinhados e vividos por nós no espaço desta mostra.Imaginemos, pois, o que pode acontecer quando nos instalamos neste território. Entramos em perfeito reboliço. Percorremos estes lugares com a nítida sensação de que nos aproximamos de uma certa perfeição. Perecbemos que não é por aí que devemos ir. A perfeição é uma utopia irrealizável. Procuramos, sim, a beleza. Por uma simples razão: a beleza contagia e sugere felicidade".
A exposição abre no próximo sábado às cinco e meia da tarde.
Vale mesmo a pena uma deslocação à Casa Da Cultura | Setúbal.