A cor da pele
Não é motivo
Pra distinguir
José Afonso em "O homem novo veio da mata". álbum "Enquanto há força"
Por cá, no país Portugal, o ser desprezível que lidera o partido Chunga no parlamento, apontou aos berros o seu deputado de origem africana, para dizer que os chungas não são racistas. Claro que a criatura não percebe (ou percebe, mas aí é o populismo a funcionar) que essa discriminação — alardeada com a alarvidade e violência que o caracterizam, ainda por cima — só por si é de um racismo atroz.
Também cá no burgo, mais recentemente apareceu uma senhora de evidente origem africana, saída do partido fundado pelo trapalhão Santana Lopes, em defesa de uma nova direita que ela pretende apresentar como salvadora da direita civilizada. Pretende substituir o moribundo CDS, diz que não tem "linhas vermelhas" e que sim, com os chungas tudo. Se é isso que quer, porque não alinhar já com os chungas? Os chungas agradeciam o ornamento. Mas percebe-se: todos querem brilhar.
As diferenças civilizacionais e culturais não estão na cor da pele. Aí somos todos iguais. O busílis está nas vivências, na aprendizagem, na curiosidade intelectual, na cultura adquirida e que se quer adquirir, no respeito pela diversidade, no sermos solidários com quem não é como nós, na interpretação do mundo e das suas histórias. A diferença entre esquerda e direita continua a fazer sentido. A esquerda interpreta sempre melhor o passado. Às vezes erra, é certo. Mas a direita erra sempre, mesmo quando disfarça. Ao que defendem os novos direitistas "não-racistas" desejo a maior infelicidade na política. Com amigos destes, os que defendem que a cor da pele não é motivo para distiguir não precisam de inimigos.