Atitudes que se inscrevam fora das normas que alguns instituem, provocam por vezes desabafos violentos. Quando aqui, nesta geringonça, lançamos opiniões sobre o que que nos dá na bolha, há malta que concorda e há quem passe ao lado. Mas também há quem discorde, com toda a legitimidade. As opiniões são todas bem vindas. Muitas acrescentam dimensão ao protesto, mas também pode acontecer a divergência total. Fixe.
Há contudo quem adopte o modelo de acção que socialmente se designa por terrorismo. Ou seja, o pessoal vem para aqui e desabafa umas alarvidades que arrasam tudo e todos, convocando logo um exército de Salazares e Venturas e seus "pensamentos", legitimando o estado mental em que se encontram desde que nasceram até agora. Acontece algumas vezes. Não muitas, é certo, e sabem porquê? Levam logo com uma acção de bloqueio pelas trombas. A gente anda aqui para ter opiniões, mas não nascemos para sofrer.
Ao longo da vida criamos a nossa bolha. Escolhemos os amigos que nos escolheram a nós. Acrescentamos conhecimentos, divertimentos e preocupações comuns. Criámos uma grande bolha onde cabe tudo o que amamos. Foi difícil, mas foi bom. Gostamos de aqui estar.
Às vezes, ao nosso lado, circulam bolhas que nos surpreendem. É bom. Mas também flutuam por aí bolhas embaciadas que nos provocam rejeição. Nada que retire brilho a quem quer que seja. Muito pelo contrário. Somos diferentes e cabemos todos nas bolhas que fomos formando.
As bolhas onde circulam os exércitos da depuração das raças, da rigorosa classificação dos géneros, da abstinência política em prol da eficácia ditatorial, da boçalidade retórica ao invés da capacidade de argumentação, são de imediato sopradas para a indiferença. Na nossa bolha só entra quem a gente quer. Questão de higiene.
Imagem: DNA de DAN, performance de Maikon K.