POESIA EM DIA | Hoje comemora-se a Poesia. Ainda bem. Pelo menos há um dia em que toda a gente finge apreciar a coisa. A minha contribuição pretende dar voz a uma voz que anda muito em moda neste vosso B'O. Volto a colocar aqui um texto do meu amigo Helder Moura Pereira, inserido no livro Se as coisas não fossem o que são, já cá colocado - em 27 de Novembro de 2010 - quando o referido livro foi conhecer as livrarias. Diz assim o Helder:
Soterrada está agora a mão
autora de disparates sem punição.
Procurou o mal, a raiz, vejam
o que aconteceu: não teve forças
para cortar o que quer que fosse,
se não chamar tristeza a isto não chamo
a nada. Cai a cara, porque aqui
em casa há espelhos, gritarás,
espelhos, eu não preciso que ninguém
me diga, gritarás. A mão soterrada
e a voz tão fraca que parece
a de um passarinho, duas coisas,
afinal, que acabam por ter um certo
valor, uma certa beleza, embora
eu não tenha bem a certeza
de conseguir ser imparcial, é-se sempre
parcial nem que seja um bocadinho,
que vá prò caralho este poemazinho.
Já está. Comemorado.
Até amanhã.