domingo, 30 de julho de 2006
Monumental Florença
É esta cidade de Itália que guarda uma percentagem significativa dos monumentos do país.
Muitos dos italianos que contribuiram para o desenvolvimento da humanidade nasceram ali ou lá por perto.
Os Médici mandaram na cidade durante dois séculos. Foram grandes impulsionadores das artes. Hoje a família não exibe um único representante. Como viajei em grupo com direito a guias locais, tive o privilégio de ouvir as explicações de um simpático florentino que me exclareceu à boca pequena os motivos da exterminação de tão poderosa família: "Apenas um Médici restou, ao fim de tantos séculos. Mas parece que não gostava muito de procriar". Um esclarecimento à laia de "Italiano vero" que ninguém leva a mal e vai descontraindo um ambiente insultado pelo calor pouco hospitaleiro que nos agride. Em Florença as pedras falam. Contam histórias de amor e de repressão. Falam dos sentimentos dos homens, que sempre oscilaram entre o amor e o ódio. A Arte faz os relatos dessas emoções. Coloca cada protagonista no seu lugar. É por aí que respiramos quando viajamos. Em Florença foi o ambiente da cidade que mais me impressionou. O exterior dos monumentos. O gosto apurado das construções. Às vezes temos a sensação que Gepeto pode aparecer a uma esquina, com Pinóquio pela mão, conversando com Coldoni. Fazemos as nossas próprias histórias dos locais que visitamos carregados das referências que fomos adquirindo. Nesta cidade lembro-me sobretudo do criador do boneco de madeira (coisas de infância, claro), mas também de Galileu (coisas de adolescência) e de Tabucchi (coisas de crescido). Galileu e Tabucci nasceram ali perto, na zona de Pisa, mas andaram por Florença a fazer pela vida. Também encontrei Galileu nas pedras da cidade. Tabucci vou-o encontrando por aí, nas páginas dos livros onde nos vai contando as suas histórias.
JTD