domingo, 30 de julho de 2006

La dolce vita



Finalmente Roma, a cidade eterna. Os últimos dias deste percurso italiano foram vividos na cidade de Fellini.
Muito calor. Decididamente esta não foi a melhor altura para reconhecimentos urbanos.
Roma é uma cidade carregada de História. O charme que esse passado transmite está por todo o lado: no património monumental, nas ruas, nas lojas, nos cafés. Usei como roteiro pessoal o livro de António Mega Ferreira "ROMA, exercícios de reconhecimento". Segui as sugestões possíveis para a breve permanência na cidade. Um dia com visita guiada, outro livre. No primeiro dia, guiado, visitei o Museu do Vaticano, onde convivi com Rafael, Caravaggio, Leonardo e Miguel Ângelo (A Capela Sixtina é incrível). A guia, contratada para o efeito pela agência responsável pela visita, é oficializada pelo vaticano, o que lhe confere um excessivo proselitismo religioso e comercial. Passo a explicar: a senhora usou e abusou do tempo para a promoção da sua fé e dos objectos de merchadising disponíveis para consumo. Mas, tudo bem, estávamos no seu território. Só não me causou muito boa impressão o enlevo com que se referiu a Benito Mussolini em outras passagens pela cidade. Prossigamos.
Já sem a apologética criatura na dianteira, peregrinei pelos locais do meu contentamento: visita à igreja S. Luigi dei Francesi para ver Caravaggio, cafézinho no Greco, na via Condoti, passagem pelas elegantes lojas desta rua, almoço no Da Alfredo e Ada, para perceber o ambiente tipicamente romano de todos os dias, e deslocação a uma excelente livraria Feltrinelli, no coração da urbe. Aqui há uma pequena história para contar: ao pagar a despesa, pedi, como sempre, a factura correspondente. Ao mencionar o nome da rua onde em Lisboa me instalo, a funcionária, com um ar nostálgico: "Ah, Lisboa, que bonita cidade..." Conhece a capital portuguesa e guarda desse conhecimento gradas recordações. Ao colocarmos Roma no patamar das terras que valem a pena, responde com um negativo acenar de cabeça e um franzir de nariz.
É assim: fazemos da memória das cidades onde fomos felizes repositório das nossas emoções. E vivemo-las quando as recordamos.
Figuro entre os novos amantes desta cidade de ferozes imperadores e generosos artistas. As recordações destes dias já estão muito bem guardados na minha memória. Foi bom visitar Itália.
JTD

Ficha técnica: Fiz esta viagem integrado num grupo de uma casa de pessoal de um organismo público.
Um empresa de viagens tratou do programa guiado. Cristina, uma muito bem informada guia portuguesa, orientou o percurso de ligação entre as cidades referidas. Amante da História da Arte, foi Cristina que nos iluminou os trilhos nas visitas às terras que se nos depararam no percurso: Pádua, Pisa, Siena, San Gimignano e Assis.