A ESTABILIDADE ESTÁ ESTÁVEL: A estabilidade foi, ao que parece, um factor decisivo na escolha de Jorge Sampaio. E, como é óbvio, a solução de ter um governo chefiado por um homem que, um dia, ameaçou deixar a vida política por causa de um sketch de João Baião, é, indiscutivelmente, a que dá mais garantias de estabilidade. Sobretudo quando comparada com a outra hipótese, a das eleições - essas malandras, sempre a provocarem instabilidade e outros sarilhos. Escuso de lembrar a estabilidade que se vivia neste país no tempo em que só havia eleições de 48 em 48 anos.
Outro argumento forte contra as eleições foi este: nas legislativas, vota-se num partido e é esse partido que deve governar até ao fim do mandato. Aqui, lamento mas discordo. Porque o partido que foi eleito não é o mesmo que vai governar a partir de agora. A maioria elegeu o PSD, e o partido que está no poder desde anteontem é um tal PPD-PSD. Há uma diferença. Não é, objectivamente, o mesmo partido. Dizem alguns: o Santana refere-se ao PSD dessa maneira porque, quando se fez militante, o partido chamava-se PPD; ou seja, ele diz o nome de ambos os partidos em que militou. É argumento que não colhe, porque se Santana Lopes quisesse dizer o nome de todos os partidos em que esteve filiado, teria de dizer MIRN-PPD-PSD.
Em todo o caso, não sou catastrofista. Creio que Santana Lopes pode fazer um bom trabalho. Vi-o a dizer, na SIC, que enquanto houver um desempregado em Portugal, não dormirá descansado. Acredito. Aliás, julgo que é exactamente por isso que aproveita as noites para fazer outras coisas que não dormir.
Ricardo Araújo Pereira