Catarina Martins convidou-me para mandatário da sua candidatura no distrito de Setúbal. Honra em estar alinhado com António Pinho Vargas, mandatário nacional. Aceitei com gosto o desafio e apresento-me com esta opinião:
A direita faz trinta por uma linha: inventa agressões onde não as há apenas para fazer vingar a sua hipocrisia e egoísmo. Alimenta a discórdia entre iguais. A direita clássica é cada vez menos clássica quando se aconchega à direita mais radical gritando os seus slogans discriminatórios. A direita não respeita direitos conquistados e quer mandar tudo lá para trás, nem que para isso se alie aos novos salazaristas. As direitas colocam os negócios em primeiro lugar. Para a direita as pessoas são números. Para a direita cultura e direitos humanos não existem. Ou só existem alegadamente quando a direita quer brincar à caridadezinha.
O voto útil pode tornar-se inútil para a nossa consciência de cidadãos de esquerda, quando usamos o voto na suposta esquerda que não quer parecer esquerda. Se não o quer parecer é porque o não é. A esquerda é útil para fazer avançar o mundo e para permitir que lutemos pelo nosso futuro. A esquerda não é woke, porque reconhecimento ligeiro de direitos e vontades não é de esquerda. A esquerda não é imobilista. A esquerda não assobia para o lado perante o insultos racistas e fascistas. A esquerda tem orgulho em ser esquerda. A esquerda é pela democracia e pela liberdade, e coloca as pessoas em primeiro lugar. As eleições não são um campeonato desportivo. Sermos minoritários, agora, não é defeito. Serem eleitoralmente maioritários não lhes dá razão. Nós temos outras razões para não lhes darmos razão. Temos ideias melhores e vivemos o nosso dia-a-dia mais felizes. Sem ódio ao outro. Queremos ser felizes. Como disse José Afonso numa canção: "Seremos muitos, seremos alguém". Vamos crescer. Temos bons e esclarecidos exemplos: a juventude nas universidades não permite fascistas em pregoeiro delírio. A nossa coragem mostra-se todos os dias, em todos os lugares. Seremos mais, seremos muitos mais, como pretendia José Afonso, e, citando-o de novo: o que faz falta é avisar a malta. O voto útil da malta de esquerda é na esquerda. O voto da esquerda é em Catarina Martins.
