segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Com Catarina

Para a apresentação da minha condição de mandatário distrital da candidatura de Catarina Martins à Presidência da República, escolhemos o ambiente da Casa da Cerca, em Almada. Visitámos as excelentes exposições em exibição — Beatriz Manteigas, Jessica Warboys, Catarina Marques Domingues, João Pimenta Gomes — que tornaram a nossa manhã um agradável e reflexivo momento de fruição cultural. 
 
A Casa da Cerca, em outros tempos local de lazer de gente endinheirada, é desde finais dos anos oitenta do século passado propriedade do Município de Almada. Foi Rogério Ribeiro que desenvolveu o conceito de centro de arte contemporânea. Artistas de prestígio firmado foram por ele convidados para mostrarem os seus trabalhos neste sítio fantástico, em exposições de competente design expositivo. Hoje expõem lá na casa artistas que experimentam áreas variadas de expressão. Falámos disso tudo nesta visita, onde a localização e a arquitectura são também de extrema relevância.
 
Catarina Martins elogiou o conceito e a sua aplicação, falou da falta de debate sobre cultura nos encontros entre candidatos, e revelou ideias sobre a necessidade de se debater a relação da cultura com a política, em tempos em que são desprezadas por uma classe política indocumentada e com orgulho nessa atitude. Lembrei-me do meu amigo António Mega Ferreira que considerava a política uma extenção da cultura. O apreço, e, pelo contrário, o desprezo de certos políticos pela cultura, são sempre atitude política. Para a esquerda, a cultura, a arte, são muito importantes porque interrogam e formam consciências. Para uma certa direita (a chamada clássica) é vistoso ornamento de luxo. Para a extrema-direita é artigo dispensável. Umas e outras são atitudes políticas. 
 
Catarina Martins é uma mulher de cultura que sente a importância dos projetos culturais neste tempo de entretenimento ligeiro. A nossa esquerda é culta, cosmopolita e progressista. É política.
 


Fotografias de Fernando Pinho