terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Clara Pinto Correia



O João Francisco Vilhena ligou-me a dar a notícia: "Morreu a Clara". E ali ficámos, os dois em choque a recordar o tempo em que com ela convivemos. Fizemos juntos livros que nos marcaram. "O Livro das Conversões" que ela escreveu, contou com fotografias do João Francisco. Foi um dos mais bonitos livros que eu desenhei na vida. Lembro-me da apresentação desta obra magnífica em que conheci e passei o jantar que se seguiu ao lançamento à conversa com Frei Bento Domingues (foi quem apresentou o livro), que me disse coisas que ainda hoje recordo com frequência.

Clara Pinto Correia era um ser de excessos. Uma mulher com um talento incrível que se estendia por muitas áreas da cultura e especificamente da ciência. Desenhei graficamente outros livros com ela. Trabalhar nessas obras era uma carga de trabalhos que se tornava leve graças ao seu humor e saber. Aprendi e diverti-me muito com esta senhora que agora nos deixa, e fico com a sensação de que faltou fazer qualquer coisa que não sei muito bem o que é. Se calhar essa coisa é que é linda, como disse um poeta.
Pois é, Clara, isto não tem sentido nenhum. Ficamos nesta inquietação de não percebermos esta injustiça da tua morte.
Olha, eu fiz um cartaz em tua homenagem. Pus o teu nome em "Bodoni poster", como não podia ser de outra maneira. O que tu gostavas desta fonte tipográfica. As conversa que nós tivemos a insultar as letras manhosas muito condensadas que se usavam naquela altura. A fotografia é do João Francisco, como não podia deixar de ser também. E juro que te vou recordar naquela alegria entusiasmada que saltava de ti quando encontravas os amigos. Ainda sinto o teu abraço. E vou senti-lo sempre. Foi tão bom conhecer-te, Clara, minha querida amiga.
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