Parece que nos encontrámos na sala lá de casa e continuámos a conversa de sempre. O Nuno Artur Silva  escreveu este livro lindíssimo, muito bem embrulhado graficamente pelo André Letria, e a gente falou sobre tudo o que lá vem dentro com o Nuno e com o Manuel Falcão. Claro que estar ali a falar com o Nuno, com o Manuel e com tantos amigos que apareceram é um privilégio que se transforma em prazer. Estamos na presença de duas pessoas que trouxeram coisas novas para o país Portugal. E claro que depois de muito falarmos sobre a escrita passámos às outras vidas destas figuras singulares.
Parece que nos encontrámos na sala lá de casa e continuámos a conversa de sempre. O Nuno Artur Silva  escreveu este livro lindíssimo, muito bem embrulhado graficamente pelo André Letria, e a gente falou sobre tudo o que lá vem dentro com o Nuno e com o Manuel Falcão. Claro que estar ali a falar com o Nuno, com o Manuel e com tantos amigos que apareceram é um privilégio que se transforma em prazer. Estamos na presença de duas pessoas que trouxeram coisas novas para o país Portugal. E claro que depois de muito falarmos sobre a escrita passámos às outras vidas destas figuras singulares.
Nuno Artur Silva é responsável por muito do que se faz em  comunicação e humor inteligente cá no burgo. Entrámos pelas Produções Fictícias adentro, passámos pelo seu tempo de governante, e chegámos ao presente quase sem dar por isso. O presente é assim uma espécie de exercício permanente dessa prática que se convencionou chamar futuro. O passado inscreve-se no nosso presente como adubo para a nossa consistência como cidadãos. Falámos das nossas catedrais de encontro onde o prazer de conviver se misturava com muitos conhecimentos e sentimentos. O Frágil e o Bairro Alto marcaram-nos. Também estivemos lá ontem à noite.
Manuel Falcão é um apaixonado por imagens e foi responsável por muito do que se fez em comunicação escrita. O Se7e e o Blitz fazem parte da nossa memória. A palavra saudade — eu odeio-a — surge aqui inevitavelmente em forma de  lápide. Sem saudosismos bacocos, com contentamento, recordamos esse (bom) tempo.  O dia de saída do Se7e e mais tarde do Blitz revestiam-me de entusiasmo. Falo por mim: eu, mal acordava, caminhava direitinho para o local de venda que se situava perto do (café) Tamar. Quando eram publicadas entrevistas ou notícias sobre José Afonso o entusiasmo crescia. As entrevistas a José Afonso eram literatura. E eu tinha o privilégio de muitas vezes me encontrar com ele no café. Falávamos das entrevistas ou do que fosse. Tudo o que esta imprensa nos forneceu fez-me crescer por dentro. Acho que se notava por fora. Falámos disto tudo. 
Estes encontros tonificam-nos. Dão-nos alimento para aguentarmos os novos tempos que ameaçam a vida que construímos nestes cinquenta anos de liberdade e crescimento cultural, económico e de abertura para o mundo. O Nuno falou disso: o 25 de Abril deu-nos a liberdade na altura em que estávamos a descobrir o mundo todo. Crescemos nesse privilégio que se tornou exercício quotidiano. Queríamos conhecer outras músicas, outros livros, outros filmes, outras artes mais ousadas, outros sentires e outros fazeres. Fizemos muita coisa e queremos continuar a fazer. Que se danem os populistas que censuram e tentam tolher o que sentimos e fazemos. O tempo passa e a gente nem dá por isso. Sabem porquê, não sabem? É que a gente ainda aqui anda a fazer coisas. Como diz o Sérgio: "Ficar parado? Antes o poço da morte que tal sorte". 
Muito obrigado, Nuno Artur Silva. Muito obrigado, Manuel Falcão. Esta conversa foi incrível. Já o disse, mas repito: estes encontros tonificam-nos. 
MUITO CÁ DE CASA | Foi ontem, dia 13, na Casa Da Cultura | Setúbal na sala José Afonso.
Fotografias de Ana Nogueira
 



 
