sexta-feira, 4 de abril de 2025

José Afonso escolheu uma colectividade popular de Grândola para interpretar a Fraternidade. Escreveu e cantou "Grândola, Vila morena". Fê-lo numa viagem, num navio, depois de um convívio com os seus amigos de Grândola. Com a escolha da canção para senha da revolução que nos livrou do regime corrupto fascista de Salazar e Caetano, o militar de Abril Almada Contreiras colocou Grândola nas bocas do mundo livre.

O projecto ILUSTRAR A FRATERNIDADE pretende colocar no mapa da contemporaneidade a ideia de sermos fraternos também a partir da imagem, da ilustração, da fotografia, do cartoon. Neste sábado, dia 5 de Abril, vamos abrir a primeira proposta com a exposição GRAFISMOS EM LIBERDADE. Oitenta cartazes ilustram a actividade de artistas gráficos e muitos outros curiosos das coisas visuais. As paredes foram inundadas de cores e formas diferentes das que habitualmente eram divulgadas. A liberdade estava a passar por aqui, como disse a cantar Sérgio Godinho.
Estas imagens que agora estão à nossa frente testemunham um tempo extraordinário em que fomos gente que importa. E estamos aqui porque continuamos a insistir nessa ideia. José Afonso, sempre José Afonso, disse um dia, em entrevista a Viriato Teles, no «Se7e», em novembro de 1985: “O que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a criar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! (…) Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente, pá!”.
A exposição está montada. Abre este sábado, às seis e meia da tarde. E dia 3 de Maio vou conversar com José Pacheco Pereira, Ana Nogueira e Jorge Silva. Apareçam por Grândola. Pela fraternidade. Faz falta.



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