PINTURA DE PEDRO CHORÃO | Vai ser o artista de Abril e Maio na Galeria da Casa da Cultura. É uma honra recebê-lo aqui pela segunda vez, depois da sua exposição de 2019, onde foram mostrados desenhos e pinturas em papel e colagens. Agora são telas de generosas dimensões.
Pedro Chorão usa as telas e as tintas para pensar. Olha em seu redor e tenta perceber a paisagem. Gosta do que vê. Muitas vezes sem olhar o exterior. As figurações residem dentro da sua cabeça. Aperfeiçoa essa realidade acrescentando pinceladas que formam fundos graficamente densos. O pincel percorre a tela e desenha paisagens imaginadas. A natureza escorre por estas páginas de um grande livro, aparentemente sem palavras, mas que tanta conversa nos sugere. Pedro Chorão tem uma obra imensa. Se ficarmos atentos à sugestão do artista, e circularmos em passo de passeio, encontramos histórias de lugares que correspondem a registos guardados na nossa imaginação. Sonhos, talvez. Podemos ficar horas a olhar estes trabalhos. Circulamos por entre estas telas com a satisfação dos percursos prazenteiros.
Trabalhos que nos suscitam a surpresa e nos instalam a dúvida sobre o que procuramos, quando observamos uma obra de Arte. Parece-me que em Pedro Chorão encontramos a liberdade. Uma liberdade total que nos transmite conforto visual, mas também inquietação. É bom olhar estes trabalhos, apesar dessa inquietação. Aliás, é mesmo bem vinda a surpresa. Sempre. A abertura é dia 25 que é para estarmos de corpo inteiro com a liberdade. A liberdade é fundamental.
Eu disse na abertura da anterior mostra de Chorão em Setúbal que estávamos perante uma das melhores exposições de sempre na cidade. Esta agora ainda é mais surprendente. Nem sei o que dizer. Talvez isto: esta pintura é do caraças.