DA DIFERENÇA DOS DIAS | Há dias assim. Dias em que preferimos estar juntos. Todos juntos. O primeiro dia de Maio sempre foi um dia especial. Se me permitem, conto uma história que se passou comigo. Estava eu numa gráfica a resolver um trabalho que tinha que ser produzido com grande brevidade. Não me apercebendo do dia do calendário, digo para o responsável da empresa: então depois de amanhã trago as artes-finais e tratamos da montagem, certo? Certo, não! Errado, responde-me o homem com um ar intrigado. E continuou: eu até já trabalhei no dia de Natal, mas no primeiro de Maio nunca. E sabe, eu sou do tempo em que íamos comemorar no campo, num piquenique antifascista. Ali os pides não entravam. Foi sempre um grande dia.
Percebi que tinha metido o pé na argola, porque não me tinha apercebido em que dia da semana estava. Nunca mais me esqueci desta história que eu acho tão bonita. Quem me disse isto foi o senhor Pita, da Gráfica Bocage, em Setúbal, e lembro-me desta conversa sempre que se aproxima o dia do Trabalhador. Ficaram em mim a história e um respeito imenso por quem trabalha e respeita o outro. Pelos pides e fascistas nunca tive respeito. Só desprezo e ganas de os combater. O Primeiro de Maio também é dia de combate ao fascismo.
Estamos juntos. Bom Primeiro de Maio. Bom dia.