Rob Riemen falou em livro do Eterno Retorno do Fascismo. Esse retorno passou de ameaça a perigo real. Sim, é de fascistas que falamos quando falamos desta gente básica sem principios e sem vontade de os ter.
Mas existe uma nova semântica: falam de liberdade, quando sabem que a intenção é retirar liberdade a quem necessita dela para viver. Falam em democracia quando o que querem é miná-la. Sempre foi assim: prometem o céu a quem pretendem retirar o chão debaixo dos pés. Acusam de conservadorismo quem se posiciona pela vida das pessoas contra a selvajaria capitalista. Falam em defesa do Serviço Nacional de Saúde quando votaram contra a sua aplicação e pedem a sua extinção preferindo o roubo encartado dos seguros. Privatizar até mais não e alimentar a ideia do capitalismo popular. Todos podemos ser líderes. Todos podemos atropelar o outro para salvar a nossa pele. É a ideologia do "salve-se quem puder" que se inscreve nos manuais desta gente. Pedro Passos Coelho não escondeu que uma aliança com a extrema-direita é solução. Cavaco, apesar da visível decadência do discurso, também não esconde que é preciso anular todos os apoios populares. Apoiar as populações não dá lucro. Facto. Então para quê apoiá-las? A semântica justicialista "vai de encontro", como diz Ventura, aos tristes anseios de quem acha que "se fossem eles a mandar..."
Concluindo: os prováveis excluídos vão votar nessa extrema-direita agressiva e malcriada — Chega, IL —, tal como já aconteceu nos EUA, na Itália, na Hungria, no Brasil e mais recentemente na Argentina. É assim que se vai dando o eterno retorno do fascismo. Dos fascistas. Sem que quem neles vota dê por isso.