A notícia salta do écran. Choque. Os olhos vêem, mas o cérebro não quer acreditar. A morte surpreende-nos sempre. Aparecer assim de repente causa espanto, repulsa e dor. Lembro-me das tiradas dele sempre desconcertantes. Também me lembro de muitas vezes não estarmos de acordo, mas acabava sempre tudo bem. Lembro-me das participações na Festa da Ilustração - Setúbal, nas montagens das exposições do Museu do Trabalho Michel Giacometti, em dupla com o Albano Almeida. E recordo muitas vezes esta cena que vou contar. Quando o Chiado ardeu, eu já me deslocava quase todos os dias para aquela zona. Nesse dia, regressado a Setúbal, encontrei-me com o Ricardo Pina ao fim da tarde num café da baixa. Sabendo de onde eu vinha, saiu-se com esta: "Teófilo: dói-me Lisboa".
Agora sou eu que digo: dói-me este fim. Tão cedo, caramba.
Estou com a Isabel, o Zé e o João Pina, nesta dor que nos aperta.