terça-feira, 31 de janeiro de 2023

De corpo inteiro



Quem não toca faz retratos. Quem pode, é claro. Quem pode e quer. Fotografar um concerto de Jazz pode ser um acto de amor. Intenso, arrebatador. Fotografar é sempre uma actividade exigente fisicamente. Aqui o corpo entra no território do espectáculo. A emoção, apesar de paralela aos sons, penetra na pele e percorre o corpo. Exemplo de topo: a relação de Keith Jarrett com o piano é de uma intensidade contagiante. Sentimos quase fisicamente aquele acto de amor. Fotografar os seus esgares e fazer sentir visualmente os sons corporais são um desafio para quem o regista em imagens, digo eu. Anabela Carreira percebe a intimidade dos relacionamentos dos artistas com os seus desempenhos em palco. Os registos que aqui nos apresenta, de concertos Jazz feitos na cidade, são testemunhos de uma acção de reconhecimento de uma actividade que aprecia, evidência, mas que entra mesmo de corpo inteiro nela. Até parece que está ali a tocar com os músicos. E está. Não se está mesmo a ver?