Milhares de aviões cruzam os ares diariamente para negócio, prazer ou sorte dos seres humanos. Aqui, neste lugar de viajantes, a discussão sobre como deve ser o sítio onde aterram os aeroplanos, salta para os trapézios políticos com a frequência das mudanças de governo. Passamos a vida nisto: num sítio não que vai alagar. Nesse então é que não que é muito longe da capital — como se nas grandes capitais os aeroportos fossem no centro das cidades como é em Lisboa. Conclui-se sempre que para esta empreitada monumental todos os locais são ou perigosos, ou agressores do ambiente, ou a escolha da zona é por preferência política, ou ainda porque não, pronto. As opiniões mudam gradualmente conforme se está no oposição ou no governo. Depois dos violinos surgem os desafinanços. Qualquer descuido maior ou menor dá sempre em enorme trapalhada. Assuntos delicados, dizem. São precisos consensos, asseguram.
Para quem se preocupa com o ambiente e a falta dele, a solução está na contenção. Na sustentabilidade. Não cabem mais aviões? Cabem os que cabem. E porque não pensar mais em locomoções a energia não poluente? Andar de comboio movido a electricidade é uma maçada assim tão grande?
Porque não transformar a nossa maneira de viajar? Aviões, sim, mas não exageremos. Li em tempos por aqui uma frase que dizia qualquer coisa como isto: não votem em quem promete mais aeroportos. É uma frase que me acompanha até hoje. Baila-me na cabeça sempre que estas celeumas surgem.
Imagem: fotografia manipulada de Mike Kelley - www.mpkelley.com