quinta-feira, 4 de março de 2021

Ângelo de Sousa





A COMPLEXIDADE DO MINIMALISMO | Ângelo de Sousa experimentou muito. Andou pelas escolas, onde foi logo muito reconhecido e bem classificado, mas partiu para a vida artística sem essas referências. Foi encontrando caminhos. Procurando as diferenças dos comportamentos dos materiais. Tentava encontrar-se consigo próprio. É o que se pede a um artista, é certo, mas nele o pedido atingiu patamares de procura constante. Circulou por vários estilos e técnicas. A curiosidade não o largou nunca. Mudou muito: de estilos e técnicas. Fez filmes, esculturas, desenhos, pinturas. Pequenos filmes artísticos, experimentais. Esculturas que parecem querer movimentar-se, mas não o fazem, presas que estão à sua timidez geométrica. De todas as fases da sua pintura, a que conheci quando o conheci foi aquela em que ele parecia pintar menos. Aquele minimalismo tão complexo impressionou-me. Foi em Ângelo de Sousa que percebi a imensidão da simplicidade. Há ali tanta vida, naquelas texturas agrupadas e definidas pelo limite da mão.

Jorge Silva Melo, seu amigo e profundo conhecedor da obra de muitos dos artistas do seu tempo, fez sobre ele um saboroso filme. Sobre esse trabalho disse isto: "Uma conversa ininterrupta com um homem cordial, extrovertido, divertido, irreverente, bem disposto, generoso. Ou melancólico? Inquieto, Ângelo guia-me pela sua sempre declarada alegria, permanente conquista diária das formas simples".  

Ora bem. A simplicidade dá cá um trabalhão...

Visita: Museu Calouste Gulbenkian

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