terça-feira, 23 de junho de 2020

A toque de caixa

A expressão era muito usada no tempo da repressão oficial do chamado Estado Novo: "Isto só mesmo a toque de caixa". Depois, já em democracia, os adeptos das vigorosas correcções adoptaram outra expressão: "Isto já só lá vai com dois salazares, ou três". 

Resumindo: há quem se habitue a ouvir apenas a voz do dono. Sem amos não existem. A responsabilidade é uma folha de couve, veio um burro e comeu-a. É por isso que adoram messias e salvadores unipessoais. É assim que surgem os Bolsonaros, Trumps e Venturas. Montados na mentira e na hipocrisia, e desmontados da boa-fé, surgem nos seus cavalos brancos purificadores, sempre fiados na ignorância dos seus apoiantes.
Lembrei-me disto por causa destas novas medidas confinadoras levadas a cabo para corrigir a irresponsabilidade dos alegres desconfinados. Já ouvi, num programa de rádio — inadvertidamente, juro. Não frequento esses canais de divulgação da imbecilidade — um idiota a clamar por um aglomerado de salazares para a correcção da pandemia. Imagine-se o horror. Parece que é muito difícil assumir responsabilidades. Só mesmo a toque de caixa.
Esqueçam lá o merdas do Salazar. Desta vez usem o cérebro. Só isso.

Fonte Expresso
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