terça-feira, 14 de abril de 2020

CRIMINOSOS DOMÉSTICOS | Parece que acontece todos os dias a toda a hora. No ano passado foi o que foi. Este ano, com este convívio forçado, as coisas só podem estar a piorar. O confinamento permite que o outro esteja ali à mão de semear. Põe-se a jeito. Passa a ser um objecto da casa: ora de desejo, ora indesejado. As leis existentes já permitem o castigo destes criminosos domésticos. Mas o mal vem muito lá de trás. São muitos anos de cultura discriminatória: pópós e pistolas para os meninos; tachinhos e vestidinhos para as meninas. Cor de rosa para as meninas; azul para os meninos, e assim sucessivamente. Crescem e levam os pópós para a cozinha, cilindrando tudo o que lhes aparece pela frente, e rasgam os vestidinhos que já não podem nem ver. Forram-se de azul que é para serem mais homens. São homens de barba e pila rijas. Os maiores. Aqui quem manda sou eu. Quem não obedece leva. A pequena história do confinamento vai-nos trazer surpresas. Ou talvez não. A selvajaria é diária. Consequente. Crime a mais, crime a menos? Hediondo, sempre.
Fonte Expresso
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