DO RISO E DO ESQUECIMENTO | O problema de Passos não são os descuidos com os pagamentos ao Estado. Com as manhas de Passos podemos nós muito bem. O problema está nos empregos que o homem teve. Esses sim manhosos e sem utilidade. Passos Coelho nunca fez nada de jeito na vida. Foi deputado acumulando, mas o que fazia no que acumulava não servia para nada. Uma espécie de calceteiro marítimo. Os descontos para o Estado são assim pouco esclarecedores. As dúvidas nascem como cogumelos. Descontava em relação a quê, se ele próprio não se lembrava do que recebia? O esquecimento é uma nova doutrina nacional. A formação foi feita às pinguinhas por causa da política, e a política foi uma pinguinha de coisa nenhuma. Entretanto leu livros que nunca foram escritos — foi Pacheco Pereira que deu pela marosca, quando denunciou a revelação por Passos da leitura de um livro de Sartre que o filosofo francês nunca publicou —, deu entrevistas sem jeito e andou por aí a convencer incautos de que era um ser superior. Tudo tanga. Acabou por acontecer o pior. Para ele e para nós. Lembrou-se que poderia ser primeiro-ministro. Num congresso do partido que nunca foi social-democrata, apresentou-se, subiu ao palanque e saiu de lá vencedor. Parabéns à prima. Agora quer convencer-nos de que ser normal é ser distraído. Como se a gente não soubesse como elas nos mordem quando nos esquecemos de pagar seja o que for ao Estado. Exige rigor, mas não é rigoroso. Um homem sem qualidades que juntou uma trupe de gente que faz jus aos seus intentos. Para o que o neoliberalismo os queria serviam perfeitamente. Só que agora perceberam que há pedras no caminho. Eles não se importam nada com isso. Um toque no calhau com o pé e para a frente é que é o pote. Entretanto até há páginas no facebook de apoio a esta fraude humana. Este palerma, para além de não se demitir, vai-se apresentar ao eleitorado como o grande salvador da pátria. Triste pátria que tais salvadores nos fornece. Os próximos meses vão ser terríveis.
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