MUITO CÁ DE CASA COM JOSÉ EDUARDO AGUALUSA
António Ganhão sobre a noite de sexta-feira na Casa da Cultura:
Meio sumido e com uma forte constipação, Agualusa apresentou-se esta sexta-feira na Casa da Cultura de Setúbal, recompôs-se durante o jantar. Quando lhe foi dada a palavra, usou-a como uma balsa salva-vidas, dessas que entram no seu mais recente romance, A Vida no Céu. Elevou-se, então, aos céus e convidou-nos a acompanhá-lo. Tranquilo, dotado de um sentido de equilíbrio, típico dos nefelibatas, Agualusa falou com desassombro, não evitando as perguntas do “politicamente incorreto”, ciente que o poder, em qualquer parte do mundo, não lê. Apenas se incomoda com as entrevistas.
O seu discurso tem o tom aveludado da escrita que imprimiu a este romance. Escritor do mundo, Agualusa, lança sobre a vida um olhar rico de experiência, temperado pela multiculturalidade de quem vive entre três países e o resto do mundo. O escritor, nas suas palavras, transformou-se em caixeiro-viajante dos livros, com todo o seu lado enriquecedor.
Foi uma sessão com a sala a transbordar, pessoas a assistir de pé, algumas à porta. Embarcámos nesta aventura e estendemos o nosso olhar sobre as lonjuras apenas possíveis de alcançar nas grandes planícies africanas. Fomos todos nefelibatas por uma noite.
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