quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


POETA MILITANTE | ... ou no tempo em que os Gomes Ferreiras eram poetas. Agora a militância é outra. Hoje não é a voz do poeta que é ouvida. Um homónimo neoliberal, indubitável justiceiro, recita o que entende no aparelho receptor de televisão. Ouve quem quer. Será coberto pela lama dos dias agrestes. Esta poesia ficou. Há coisas assim.

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes Ferreira