quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


A INTEMPORALIDADE | José Afonso morreu há vinte e cinco anos?! Mas... se ainda agora estive a ouvi-lo... E não foi aqui há uns dias que ele gravou o Cantigas do Maio?! E o Venham mais Cinco? Não? Mas parece. E não parece que foi há um bocadinho que ele inventou uma música nova? Sim, a Nova Música Portuguesa, chamemos-lhe assim. E não foi ontem que ele me disse "chegaremos a uma altura em que tudo estará desfeito à nossa volta, enquanto uns emproados nos tentarão convencer de que está tudo bem, vais ver". Estou a ver, Zeca. E tenho saudades. Tantas que ainda acabo por acreditar nessas tretas que por aí dizem. Que morreste. Morreste uma ova. Quem morre não canta assim, nem escreve. Nem diz o que dizes. Disseste-nos tanto, Zeca. Não, não morreste. Estás vivo. Mais vivo do que os que estão a desfazer isto tudo tentando convencer-nos de que não há mais nada a fazer. Nasceram velhos. Vivem à volta das velhas ideias gastas. Não dão por nada. Não querem saber de nada. Para eles, não somos gente. Somos números. É por isso que continuamos a ouvir as tuas canções como sempre o fizemos. E tu estás aqui mesmo ao nosso lado. Muitas vezes pensamos: o que diria o Zeca desta merda? É isso: isto está uma merda, mas nós ainda estamos vivos. E não te esquecemos.
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