(...) não sou, nem nunca fui, dos que tendem a considerar Alberto João Jardim como uma espécie de bobo da corte, de ébrio de serviço ou de inimputável crónico, recursos habituais de um indiferentismo destinado a encobrir o que politicamente se passa de muito sério na Madeira. Um processo de instrumentalização perversa da autonomia regional num microcosmos insular, económica e culturalmente marginalizado, por parte de uma oligarquia política e económica que através do nepotismo e do controlo clientelar do Estado e dos negócios assegura a sua perpetuação no poder em regime de crescente esvaziamento e formalização da vida democrática.
Por isso, também, nutro um profundo respeito por todos, homens e mulheres, políticos, sindicalistas, gente da cultura ou simples cidadãos, que na Região Autónoma da Madeira lutam com denodo e com grande coragem cívica em prol de uma outra concepção de autonomia regional, com verdadeira democracia, com desenvolvimento económico equilibrado e justiça social, desafiando a arrogância e a prepotência do poder vigente. O futuro pertence-lhes. Queira o Bokassa ou não queira.
Fernando Rosas, hoje no PÙBLICO.