domingo, 26 de setembro de 2004
Françoise Sagan
Leio nos jornais que morreu. Françoise Sagan conviveu comigo durante a minha adolescência. Era uma autora que apreciava. Mais do que isso, era completamente apanhado. Li tudo o que me foi possível.
Muitas vezes senti vontade de a reler. Nunca fiz esse exercício. Talvez agora, perante esta notícia definitiva, sinta a vontade de satisfazer a leitura de "Bonjour tristesse", "Viver não custa" ou "Um raio de sol na água fria". É precisamente deste último livro que retiro uma passagem, a fala de uma das personagens:
"Nenhum dos meus heróis se droga. Como estou fora de moda! Mas quando penso nisso, acho cómico que na nossa época, em que todos os tabus, os grandes tabus, são demolidos, em que a sexualidade - é uma fonte de rendimento declarável, em que a fraude, o roubo e a desonestidade, quase se tornaram gracinhas de salão, acho cómico que as pessoas só achem condenável uma única coisa: a droga."
Isto foi escrito em 1972. Entretanto muita coisa mudou. Inclusivamente nas atitudes de Françoise. Fica a recordação da sua escrita. O que não é pouco. Depois das próximas releituras dos seus livros, espero continuar a gostar do melhor que ela nos deixou.