domingo, 6 de junho de 2004

Cinema a jorros

Faço por ficar por Setúbal neste período. Arranjo forma de controlar trabalhos por aqui, e assisto ao maior número possível de sessões do FESTROIA. Um festival de cinema, ainda por cima com estas características - pequenas cinematografias - tem de tudo. Acontecem projecções excelentes, mas também estamos arriscados a apanhar valentes secas. Vale, contudo, sempre a pena. Como diz o outro: sempre se convive, sempre se conhece mais gente. Já que por aqui ando, resolvi partilhar as minhas experiências deste ano. Começou bem. Ontem, sábado, assisti a dois filmes muito interessantes, no mínimo.

Na primeira sessão da noite, passou a "curta" I'LL SEE YOU IN MY DREAMS de Miguel Angél Vivas. Um muito jovem realizador que, espero, vai dar que falar. O filme é notável. Na realização, na fotografia, no desempenho dos actores. Com destaque para Adelino Tavares, São José Correia e Sofía Aparício. Uma uma história de zombies, que sem explicação aparente, invadem uma pequena aldeia. Fotografia e efeitos especiais muito apreciáveis. Parabéns Miguel.

A segunda fita tem como tradução para português: O ESTADO DO TEMPO. É de um realizador polaco, Jerzy Stuhr, homem de teatro que se dedica ao cinema desde 1994. O filme conta a história de um homem que abandona a família para se refugiar num convento. É descoberto pela mulher, em plena actuação, como membro de um grupo musical dos monges, que saiu para uma festa de religiosos. Entretanto, cá fora já tudo se tinha alterado. O regime político mudou, e a família está integrada nos mais obscuros enredos desse regime. O homem altera, ingenuamente, os comportamentos da sua gente, retirando-se posteriormente de novo. Uma obra onde é impossível não estabelecer paralelo com outro filme que marcou o FESTROIA do ano passado: ADEUS LENINE. É um filme muito divertido, onde algum latente moralismo é anulado por essa atitude de diversão. Poderá ser um dos grandes filmes deste festival.

JTD