EDUARDO SOUTO MOURA, é sabido, faz parte da primeira linha de arquitectos da actualidade. Assim, sem complexos de bairro ou pátria. É bom, ponto. Em entrevista ao MIL FOLHAS/PÚBLICO-22/11/2003, revela algumas das suas preocupações, que lhe conferem a dignidade de pessoa do seu tempo. Uma entrevista notável, conduzida por Jorge Ferreira e Ana Vaz Milheiro.
"Sei que não sou um desconhecido, mas também não sei se sou do star-system,
porque não fiz nada para isso. Mas acho que o star-system tem algumas vantagens,
não acontece por acaso. Implica uma vida de dedicação ou, então, transforma-se
- e penso que não é o caso dos arquitectos portugueses - numa hipocrisia, um vedetismo bacoco.
Portanto, obriga a uma qualidade, a uma intensidade de trabalho."
"Pode-se levantar outra questão que não tem nada a ver com arquitectura; Devem fazer-se estádios? Aceitei o de Braga, mas como cidadão há coisas mais importantes. Devem chamar-se os Gehry?s? Prefiro que o Gehry faça o parque Mayer do que este seja entregue a algum curioso. Mas como cidadão acho que Portugal tem outras necessidades mais emergentes. Uma coisa é a qualidade intrinseca da disciplina e a outra é a disciplina inserida no ambiente social, cultural e urbano?JTD