Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo, ou menos certo? Foi Fernando Pessoa que escreveu esta frase, na minha opinião genial. Mas Fernando Pessoa disse tanta coisa genial que até mete impressão. A língua portuguesa como Pátria é outra. A minha Pátria é como a minha raça - a raça humana, que é transversal a todas as cores e feitios. Ou vamos voltar ao orgulho nacionalista que convoca o mais serôdio provincianismo?
Mas hoje quero aqui falar dos comentários aos debates que têm passado nas televisões após os debates entre candidatos. Confesso que os candidatos à Presidência que vão para ali dizer coisas são para mim uns e para os comentadores outros, com toda a certeza. Andamos a ver programas televisivos diferentes. Uns vêm tristezas, outros entretenimento e audiências. Dou exemplos. Classificar e dar notas a alguém como André Ventura é qualquer coisa de extraordinário. Vamos classificar a mentira e a má-criação como dado elegível? Vamos classificar a postura autoritária e ridiculamente ignorante de Gouveia e Melo? A incongruência é competência? E vamos perceber com enlevo democrático o falso e sinistro liberalismo de Cotrim de Figueiredo? O que leva os comentadores a comentar? É o circo? É a vontade de mostrar serviço normalizando a prestação circense da extrema-direita e dos seus preceitos trogloditas?
Há vida para além do espetáculo televisivo, meus caros. A política é mais do que isso. É a nossa existência como cidadãos que está em risco. Ventura já instalou o medo. Existimos mas não podemos insistir. Os fascistas estão aí. Alguns jornalistas e muitos jovens ainda não deram por isso. Abram os olhos. A densidade comunicativa é dada pelo alvoroço imbecil? A defesa da democracia exige respeito pelo que se pensa e diz. Sejamos adultos.
