Estamos
 a ser governados por gente abjeta. O primeiro-ministro chama ajustes 
aos cortes oraçamentais. Aprendeu com o ajustador-mor Passos,
 que tudo queria ajustar mesmo que os amanuenses da troika o não 
exigissem. A ministra da Saúde cumpre as ordens do senhor dos cortes sem
 pestanejar. Corta, encerra e ajusta sempre culpando os utentes, que ela
 quer transformar em clientes dos serviços privados de saúde. É preciso 
que tudo corra mal para as pessoas, para que corra bem para os 
ajustadores de serviço e seus indefectíveis amigos investidores. Quem 
não tem dinheiro aposte no euromilhões ou vá para a porta da igreja. 
Roubar não pode ser, que é pecado. E chamar-lhes nomes feios também não,
 que isso está reservado aos cretinos do lado direito do parlamento.
Conclusão:
 pedir a demissão da ministra não faz qualquer sentido, já percebemos. A
 senhora faz o seu melhor. Quem deve dar corda aos sapatinhos é 
Montenegro e o seu governo de nacionalistas reaccionários. As alianças 
com o novel salazarista trapaceiro vão continuar. As premissas são 
ditadas por esta gente abjeta. Salazar já chegou - está no altar de 
cabeceira destes corruptores anti-corrupção. Eles não estão enganados. 
No seu entendimento a corrupção agora já não é o que era. Agora já não 
se chama "cunha", "jeitinho", "palavrinha", em ajuste animado por 
"palmadinha" nas costas. Agora é preciso ajustar a gravata ao pescoço e 
tomar posse na empresa que vai "servir o povo". Precisamos de mais 
ricos, como sugere o outro partido de extrema-direita que se disfarça de
 liberal. Esta gente adora "brincar à caridadezinha", como cantou José 
Barata-Moura. A brincadeira já começou. A diversão exprime-se pela 
fanfarronice auto-elogiosa. O discurso está a atingir níveis 
inenarráveis. Isto pode acabar muito mal. Merecemos mais. Temos que 
fazer por isso.



