terça-feira, 4 de novembro de 2025

Do asco

Estamos a ser governados por gente abjeta. O primeiro-ministro chama ajustes aos cortes oraçamentais. Aprendeu com o ajustador-mor Passos, que tudo queria ajustar mesmo que os amanuenses da troika o não exigissem. A ministra da Saúde cumpre as ordens do senhor dos cortes sem pestanejar. Corta, encerra e ajusta sempre culpando os utentes, que ela quer transformar em clientes dos serviços privados de saúde. É preciso que tudo corra mal para as pessoas, para que corra bem para os ajustadores de serviço e seus indefectíveis amigos investidores. Quem não tem dinheiro aposte no euromilhões ou vá para a porta da igreja. Roubar não pode ser, que é pecado. E chamar-lhes nomes feios também não, que isso está reservado aos cretinos do lado direito do parlamento.
Conclusão: pedir a demissão da ministra não faz qualquer sentido, já percebemos. A senhora faz o seu melhor. Quem deve dar corda aos sapatinhos é Montenegro e o seu governo de nacionalistas reaccionários. As alianças com o novel salazarista trapaceiro vão continuar. As premissas são ditadas por esta gente abjeta. Salazar já chegou - está no altar de cabeceira destes corruptores anti-corrupção. Eles não estão enganados. No seu entendimento a corrupção agora já não é o que era. Agora já não se chama "cunha", "jeitinho", "palavrinha", em ajuste animado por "palmadinha" nas costas. Agora é preciso ajustar a gravata ao pescoço e tomar posse na empresa que vai "servir o povo". Precisamos de mais ricos, como sugere o outro partido de extrema-direita que se disfarça de liberal. Esta gente adora "brincar à caridadezinha", como cantou José Barata-Moura. A brincadeira já começou. A diversão exprime-se pela fanfarronice auto-elogiosa. O discurso está a atingir níveis inenarráveis. Isto pode acabar muito mal. Merecemos mais. Temos que fazer por isso.


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