É inevitável. Tudo o que nos acontece em termos políticos, tem sempre uma comparação com o que nos poderia ter acontecido se o partido fascista fosse mais além. Os resultados eleitorais não foram piores porque o partido fascista teve uma derrota só desmentida pela criatura patética que os lidera. Claro que a coisa não lhes correu bem porque o elenco proposto para governar as regiões dava para preencher uma caderneta de cromos insuportáveis. O líder é o que é, mas os patetas que votam naquela coisa inenarrável veneram aquela figura ridícula e de mentira agressiva sempre na ponta da língua. Apesar de tudo, os patetas perceberam que o elenco proposta era infecto e contagioso. Não se aproveita um. O resultado do partido fascista é o mal menor destas eleições.
O mal maior é a vitória do partido de Montenegro e Passos Coelho. Montenegro deu logo a entender que percebeu o recado de Passos. Linhas vermelhas já foram apagadas. Vale tudo para impingir o neoliberalismo nas estruturas municipais. Os negócios triunfarão. As pessoas que se lixem.
Há contudo uma vontade de reagir a esta baboseira que nos incomoda e agride. Recuperar o eleitorado adormecido pela insistência da direita em brincar à caridadezinha como se essa brincadeira fosse a única forma de vida. Os pobres devem continuar pobres para que os Montenegros, Passos e Moedas da vida exerçam o seu direito de ajudar quem precisa. O direito aos Direitos está fora de moda. Não há direitos para ninguém. As migalhas que sobram são oferecidas com espavento pelos "donos do pote", lembram-se desta? E a Cultura com letra grande deixou de ser importante. Importante é a gente distrair-se com músicas manhosas dos Toys, Tonis e outros tótós.
Concluindo: as escolhas regionais não foram tão más como o partido fascista augurava. Mas a esquerda, que propõe honestidade, rigor competência e solidariedade em vez de caridade, deve pensar no que pode fazer daqui para a frente. A esquerda é plural e por isso mesmo mais rica cultural e politicamente. Queremos viver com autenticidade, alegria, cultura, futuro de progresso. É urgente esse encontro de vontades. É urgente virar à esquerda. Pensar nisso, vá. Já!
