quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Da malvadez


Quando Hannah Arendt falou da banalidade do mal, sabia do que falava. O ser humano é tão permeável à malvadez que até arrepia. Ao contrário do que aprendemos — o conhecimento dá saúde e faz crescer —, os novos divulgadores de um certo "conhecimento" só fazem mirrar as meninges pouco preparadas dos seus seguidores. Eles é que sabem. Aprenderam que a mentira e a manipulação é que fazem crescer — a sua própria conta bancária — e praticam essa delinquência como se não houvesse amanhã. Qualquer ignorante brilha nas redes sem proteção. O ódio que vomitam é ouro para as mentes dos depravados que os seguem. 

 As audiências ditam as regras. Quem mais seguidores tem mais meu amigo é. Tudo é recreio e entretenimento. E quanto mais se "pensar" mal melhor. Pensar com inteligência faz cair o cabelo e provoca urticária. As direções dos canais de televisão sabem disso e experimentam usar essas bocarras imundas nos seus lugares de entretenimento. Percebemos que a RTP chamou um inqualificável "influencer" para vazar ódio lá num dos seus canais. Esse manipulador de incautos acha que as mulheres devem ser fadas do lar e os seres humanos de outras geografias devem ir para a terra deles. Ele acha muitas mais coisas lamentáveis, mas ficamos por aqui, que pode alguém ainda estar no meio de alguma refeição. A criaturinha ridícula candidatou-se pelo partido fascista à vice-presidência da Câmara de Oeiras. Parece que no programa televisivo esteve poucochinho tempo. É que o novo diretor da estação, apesar de tudo fazer para que a opinião seja espetáculo apenas, não tinha ainda percebido os exageros do rapaz. Aquilo tinha tudo para correr mal. 
 
Mas lá no canal outros problemas surgiram. Havia muita mulher a dar opinião. Mulheres com opinião é coisa do diabo. E claro, feministas de esquerda não têm lugar nos painéis dos novos tempos. Foram corridas em grande velocidade. Agora é a direita que se discute a ela própria. As mulheres de esquerda que pensam em voz alta são sempre um problema para os homens de direita que dirigem com voz grossa. É que elas, para além de pensarem coisas estranhas sobre tudo o que mexe, ainda se afirmam feministas, vejam só. Isso é que não pode ser. Então não são as mulheres que melhor resolvem os problemas relacionados com os tachos da cozinha? Os tachos mais lustrosos ficam para os machos marialvas. Quem é que aqui pega touros de caras e está sempre em frente da televisão de cervejola em riste? Ora, é esse o público que faz as audiências. O mal está sempre acompanhado, nem que seja de uma cerveja e de um jogo da bola. É o que está a dar.

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