Quando Hannah Arendt falou da banalidade do mal, sabia do que falava. O ser humano é tão permeável à malvadez que até arrepia. Ao contrário do que aprendemos — o conhecimento dá saúde e faz crescer —, os novos divulgadores de um certo "conhecimento" só fazem mirrar as meninges pouco preparadas dos seus seguidores. Eles é que sabem. Aprenderam que a mentira e a manipulação é que fazem crescer — a sua própria conta bancária — e praticam essa delinquência como se não houvesse amanhã. Qualquer ignorante brilha nas redes sem proteção. O ódio que vomitam é ouro para as mentes dos depravados que os seguem.
As audiências ditam as regras. Quem mais seguidores tem mais meu amigo é. Tudo é recreio e entretenimento. E quanto mais se "pensar" mal melhor. Pensar com inteligência faz cair o cabelo e provoca urticária. As direções dos canais de televisão sabem disso e experimentam usar essas bocarras imundas nos seus lugares de entretenimento. Percebemos que a RTP chamou um inqualificável "influencer" para vazar ódio lá num dos seus canais. Esse manipulador de incautos acha que as mulheres devem ser fadas do lar e os seres humanos de outras geografias devem ir para a terra deles. Ele acha muitas mais coisas lamentáveis, mas ficamos por aqui, que pode alguém ainda estar no meio de alguma refeição. A criaturinha ridícula candidatou-se pelo partido fascista à vice-presidência da Câmara de Oeiras. Parece que no programa televisivo esteve poucochinho tempo. É que o novo diretor da estação, apesar de tudo fazer para que a opinião seja espetáculo apenas, não tinha ainda percebido os exageros do rapaz. Aquilo tinha tudo para correr mal.
Mas lá na estação outros problemas surgiram. Havia muita mulher a dar opinião. Mulheres com opinião é coisa do diabo. E claro, feministas de esquerda não têm lugar nos painéis dos novos tempos. foram corridas em grande velocidade. As mulheres que pensam em voz alta são sempre um problema para os homens que dirigem com voz grossa. É que elas, para além de pensarem coisas estranhas sobre tudo o que mexe, ainda se afirmam feministas, vejam só. Isso é que não pode ser. Então não são as mulheres que melhor resolvem os problemas relacionados com os tachos da cozinha? Os tachos mais lustrosos ficam para os machos marialvas. Quem é que aqui pega touros de caras e está sempre em frente da televisão de cervejola em riste? Ora, é esse o público que faz as audiências. O mal está sempre acompanhado, nem que seja de uma cerveja e de um jogo da bola. É o que está a dar.