Setembro é o mês em que se inicia muita coisa da nossa vida. Recomeçamos a trabalhar depois das férias de verão. Eu gosto de setembro, mas cada vez mais hesito quando digo isto. Foi em setembro que Salvador Allende foi deposto e morreu, por causa do golpe de estado protagonizado pelo militar fascista Pinochet. General muito secretamente elogiado pelos neoliberais de hoje que continuam a atacar a esquerda a que pertencia Allende.
Foi também em setembro que se deu a tragédia das torres gémeas em Nova Iorque. Eu estava lá e testemunhei o drama. Imaginei o inicio de uma guerra. Mas todos percebemos que aquele acontecimento ficaria na nossa memória coletiva. O mundo mudou muito desde aí.
Claro que tragédias acontecem em qualquer altura do ano. Mas está a acontecer muita coisa má em setembro. O que aconteceu ontem com o elevador da Glória veio acrescentar mais um drama a este já sacrificado mês. Um dia normal, com sol, num sítio muito agradável, com pessoas em férias ou em trabalho, passa a ser um dia impossível de esquecer pelos piores motivos. Sou passageiro destes transportes. Sou utente deste elevador. Todos estamos sujeitos a estas situações. É a vida, diremos. A vida vale muito e deve ser bem vivida. Estas interrupções abruptas marcam-nos para sempre. Sem aproveitamentos políticos, devemos exigir que tudo seja esclarecido. Setembro fica ainda mais negro, com esta tragédia.