sábado, 6 de setembro de 2025

Moedas e Bogas, emprerendimentos

O acidente com o Elevador da Glória é um alerta. Claro que agora toda a gente está convencida de que uma tragédia desta dimensão não volta a acontecer. Tudo será feito para que a culpa morra solteira, para nossa vergonha alheia. Observando comportamentos e exigências dos protagonistas dos poderes públicos em situações anteriores, seria expectável uma responsável declaração de lamento pelo sucedido, seguida naturalmente por um pedido de demissão dos cargos onde estão sentados. 

Ao invés do expectável, assistimos a um verdadeiro desfile de vaidades. A grande capacidade de resolução do problema foi a grande vedeta desta tristeza profunda. Até assistimos a declarações destas: "somos campeões do desencarceramento", "somos os maiores nas perícias", e até houve um idiota ligado ao turismo e à sua promoção — pessoal e do dito — que falou no "lado bom" destes casos - "fala-se do país no estrangeiro". Ressalvo destas alarvidades auto-elogiosas os reparos aos comportamentos dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde, mas esses a gente sabe que merecem todos os reconhecimentos, e não precisam para nada de elogios desta gente que quer anular o sistema. 

Moedas diz que Bogas tem que averiguar, e Bogas diz que já mandou alguém fazer isso. E ficamos assim. Como se estes dois opinadores de serviço, não tendo respostas para dar, não tivessem a obrigação moral e política de apresentarem a demissão, com a promessa irrevogável de não voltarem a esse local onde foram tão infelizes. Pelo contrário, desdobram-se e contorcem-se em manobras de malabarismo verbal barato. A incompetência alia-se à desfaçatez e à falta de vergonha. Estes políticos de meia-tigela, que se inscrevem na direita cada vez mais extrema, comportam-se como um um vulgar valdevinos a quem deram um fato e uma gravata e sentaram numa cadeirinha que tem rodas e que abda para trá, para a frente e para os lados. Estão encantados com esta sorte. E depois vão à missa agradecer a dádiva. Tenham juízo e um pingo de decência. É o mínimo, porque respeito por vocês já não temos. 

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