sábado, 5 de julho de 2025

Morreu o general Garcia dos Santos. Militar de Abril. Pessoa integra e solidária. Convivi com ele algumas vezes. Confesso que gostei do convívio. Muito. Adepto do fim da corrupção. Contou-me, em um dos convívios, o que sentiu no dia da revolução. "Eu percebi que estava tudo controlado. Estava cansado. Foram muitas noites sem dormir. Fui para casa. Voltei depois. Gostei da festa, mas estava mesmo muito cansado. E vi muita balbúrdia desnecessária. Não concordo com tudo". Recordei-lhe o que dizia Manuel António Pina quando o abordavam para assinar algo contra o fascismo no tempo da ditadura: "Muito bem, onde querem que assine?". Mas, não lê o texto? "Mas, não isto não é contra o fascismo?". É. "Então, tudo bem, é que se vou ler já não assino". Garcia dos Santos riu-se em ligeira gargalhada de aprovação. 

Esta atitude de Pina define muito bem o que temos pela frente. Podemos não estar de acordo com tudo o que nos aparece como alternativa, mas agora é o fascismo que se avizinha. Temos que combatê-lo todos. Unidos. Os sessenta fascistas que se sentam no parlamento são ervas daninhas. Honremos gente como este homem íntegro que agora nos deixa. Muito obrigado, general Amadeu Garcia dos Santos. Foi bom viver no seu tempo. 25 de Abril, sempre!

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