quarta-feira, 18 de junho de 2025

Joana e os anjinhos

Não sou parte interessada neste assunto, mas confesso que já fui entrevistado, na antena 3, pela Joana Marques e pelas suas companheiras, numa manhã de verão muito agradável. O motivo foi a Ilustração em Portugal e a Festa que celebra a disciplina, mas também a minha actividade de bloguer e o que mais nos apeteceu. A conversa foi muito simpática. 

Interessei-me agora por perceber o que se passa com a Joana e os cantores que a acusam de ter despertado acne fisicamente e problemas na conta bancária financeiramente. Não me perturba especificamente a ridícula interpretação do hino pelos cantores. Mas incomodam-me todas as interpretações manhosas de todos os cantores manhosos. Sejam eles "anjos" ou simplesmente outros "toys" de ouvir e esquecer. Estou com a Joana Marques. Os "anjos" que vão gargarejar para longe. 

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Fascistas encartados




A toda a hora surgem trafulhices. A Polícia Judiciária desmantelou uma quadrilha de nazis onde peroravam polícias e o senhor Matias que é pai da alucinada Rita com o mesmo apelido do dito nazi. Para que a delinquência não caísse na rua, a deputada Rita começou a namorar com um guarda-costas de Ventura que já respondeu em tribunal por ter roubado um desgraçado tombado sem consciência.

Portanto, meus amigos e minhas amigas, estamos perante fascistas como deve ser. Já percebemos que os grunhos que votam nesta gente continuarão a votar. Provavelmente até crescem com a revelação da delinquência. O crime compensa. Grunho é grunho. Cresce na pocilga. Nada que dali venha nos deve espantar. O que me espanta é que ainda haja quem se espante. São fascistas encartados em delírio com o deslumbramento do poder. Ponto.

Imagem: o líder do anterior fascismo beija a mão do seu mentor espiritual mas pouco. O que o movia era o apoio aos trafulhas de então, que faziam negócios sem freio, violavam menores, matavam, mas depois tudo passava na intimidade do confessionário. Era esta a maneira que o pulha Salazar encontrava para combater os opositores, esses corruptos que iam parar com os costados na prisão, como ameaça agora o homem das malas do partido fascista. Na outra imagem está o chefe desta gente inenarrável em pleno exercício de fé.

terça-feira, 17 de junho de 2025

O país vai de carrinho

Outro trabalho de José Afonso vai estar de novo disponível. Mais um trabalho genial do músico genial. Este álbum sai no momento certo. Todos saem, é certo. Referências de percurso em novos alinhamentos estéticos e vocais. A capacidade artística e o rigor intelectual mantém-se. Para melhor contar o que se passou fui buscar a certeira opinião do meu amigo Viriato Teles. Diz ele:

"O último disco em que José Afonso participou activa e integralmente. Passou despercebido a muita gente (que, provavelmente, achou terem sido suficientes as lágrimas vertidas por altura do espectáculo do Coliseu) e, no entanto, é um testemunho espantoso de vitalidade e lucidez criativa. Gravado entre Novembro de 82 e Abril de 83, com arranjos repartidos por Júlio Pereira, José Mário Branco e Fausto (concebidos, em boa parte dos casos, a partir de ideias de Zeca, como, de resto, aconteceu com a grande maioria das suas composições), constitui um verdadeiro olhar em volta, amadurecido e calmo, só possível por parte de quem viveu a vida com muita intensidade, com muita paixão. Uma autêntica viagem entre a utopia e o desencanto, é o que nos oferece Zeca Afonso neste álbum magnífico, onde é possível descobrir todas as memórias cruzadas dos tempos vividos, os desejos insatisfeitos, os sonhos. Onde pode descobrir-se, por exemplo, um dos mais belos poemas sobre o 25 de Abril («Papuça»), uma reflexão serena e quase existencial sobre o que se fez e o que ficou por fazer («Canção da Paciência»), uma certa angústia que não renega, antes reforça, tudo aquilo por que se passou («Eu Dizia»). E, também, a crítica acutilante («O País Vai de Carrinho»), o prazer dos sons e das novas experiências («O Canarinho»), a esperança que não morre («Utopia»). Um disco ao nível dos melhores, capaz de sobreviver aos tempos e às fronteiras."

É isto. Resta acrescentar que a capa é assinada por José Santa-Bárbara. O interior mostra José Afonso com o seu gato Serafim, fotografado por Alexandre Carvalho, em ambiente informal e muito descontraído. Sente-se uma respiração intensa e há um soar de tristeza e esperança que se revelam em simultâneo. É o que eu sinto.

Marvila vai estar em festa. O lançamento é lá. A audição também se faz nas plataformas de streaming mas eu, sempre gostei de olhar e colocar nas aparelhagens estes objectos de prazer. 

Apresentação de COMO SE FORA SEU FILHO. !8 de junho. 18:h30. Biblioteca de Marvila.

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domingo, 15 de junho de 2025

Porque será que meus olhos tanto necessitam

de ver mar ao longe?
Ou pelo menos a água
de um rio
para aí cheirar a sua raiz
Se calhar foi por tanto apetecer o azul
da água ao longe
que meus olhos são claros
e por tanto amar o mar
que meus desgostos
se tornaram destemidos e salgados
e têm
o voo a pique das gaivotas
e o grito ácido
dos pássaros marinhos
Teresa Rita Lopes. Afectos. Lisboa. Presença, 2000

RESISTIR!



"Perante uma situação que se vai agravar, continuar abril neste momento é Resistir", diz o militar de Abril Pezarat Correia no final da sua intervenção. Maria do Céu Guerra alertou para o perigo que corremos com a informação entregue aos canais de televisão, que entrevistam o criminoso que atacou Adérito Lopes, que se justifica na televisão como se estivesse a passear pela avenida. Destaco três figuras antifascistas presentes: Helder Costa, Maria do Céu Guerra e
Pedro Pezarat Correia. Três figuras antifascistas que honraram com a sua presença esta manifestação. Helder Costa, figura marcante do Teatro em Portugal, fundador do grupo de Teatro A BARRACA, acompanhou este encontro a partir das varandas do teatro. Realço a postura digna de todos os presentes, mas também as reportagens das televisões: gravações aéreas, por drone, logo no inicio da manifestação, mostrando ainda muito pouca gente, e também as perguntas perfeitamente imbecis dos chamados jornalistas. O português usado é de uma imbecilidade confrangedora, a manipulação da informação é gritante. Pezarat Correia tem razão: é tempo de resistir.

Não



Não queremos ter medo. Queremos trabalhar. Queremos pensar livremente. Não queremos quem só pensa em odiar. Não queremos que a Arte acabe. Os nazis são criminosos. Os 60 deputados fascistas que vegetam no parlamento incentivam o ódio à Arte. Fazem-no com boçalidade oportunista. Ventura é um escroque. Vamos dizer não. Não, não podem crescer mais.

sábado, 14 de junho de 2025

Regresso ao teatro






O JUIZ DA BEIRA | O texto é de Gil Vicente. Aborda a complexidade da justiça. Quem julga melhor? O povo ou o Estado? Gil Vicente esteve muito à frente do seu tempo. Conhecem o estilo, não é verdade?

A peça foi posta em cena pelo TAS em março de 1984. O encenador, Duarte Victor, convocou-me para fazer toda a imagem: cenografia, figurinos e design de comunicação. Para catálogo sugeri fazer uma banda desenhada. Foi a primeira e última vez que me deu para isso. Fiz uma pintura mural cenográfica que aludiu a um ambiente rural pós-medieval e os figurinos também, apesar de com uma olhadela para o trabalho de Loustal e Bruegel. Inspiração e reconhecimento. Os desenhos do guarda-roupa foram interpretados por uma grande senhora da área: Amélia Varejão. Foi ela que costurou todas as roupagens. Actores e actrizes: Carlos Rodrigues (Manel Bola), Asdrúbal Teles Pereira, Gil António, Isabel Ganilho, Manuela Couto, Maria Simões, Nuno Melo e Pompeu José. A música foi concebida pelo Carlos Curto e executada pelos D'isto e A'aquilo. A adaptação da dramaturgia pertenceu a Mariano Gonçalves. Técnicos: António Piçarra e António Rosa. As fotografias aqui publicadas são do Pedro Soares.
Trago para aqui este assunto porque estou neste momento a trabalhar com o TAS e com Duarte Victor, em outra peça que é uma repetição por esta companhia: "Os Três Fósforos", de Teresa Rita Lopes. A primeira representação foi em 1978 e foi encenada por Carlos César. Quem tratou da imagem na altura foi Asdrúbal Teles. Também trabalhei com Teresa Rita Lopes numa publicação sobre Fernando Pessoa que ela coordenou literariamente e eu graficamente. Trabalho que foi encomenda do Centro Nacional de Cultura no tempo da minha querida amiga Helena Vaz da Silva. O texto de "Os Três Fósforos" é incrível na interpretação que faz dos sentimentos de liberdade de quem a perdeu. Texto belíssimo.
Enfim, mas sobre o que vai acontecer falamos mais tarde. Para já ficam estas recordações. Que são boas e nos fizeram crescer melhor. Até já.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Conversas com som e imagem


Não falamos de estórias da carochinha, quando falamos com Ana Lua Caiano. Falamos de imagens e sons que nos fazem crescer com a noção da realidade que nos cerca. Quando vivemos de olhos bem abertos, ficamos mais preparados para circularmos pelos caminhos minados de maus sons e más imagens. As estórias da carochinha resvalam na couraça da nossa indiferença e esbarram na nossa percepção das coisas que, não sendo a perfeição (Será que alguém sabe o que isso é?), é com toda a certeza o que nos permitiu evoluir. Ana Lua Caiano evoluiu bem. Isso percebeu-se nesta conversa que manteve com o João Francisco Vilhena. Percebemos que tem para nos fornecer muitos sons e imagens únicas e sofisticadas. Sim, a sofisticação, a Arte, são percepções originais e únicas quando concebidas com esclarecida e documentada autenticidade. Parabéns, Ana Lua Caiano.

Aconteceu no dia 12 de junho/2025.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Superiores conversas


Há conversas de ocasião, sobre o tempo, sobre o dia de ontem, sobre a saúde e a falta dela. E depois há conversas que nos remetem para o princípio das coisas. As palavras que ilustram o que olhámos pela primeira vez, e o que nos ficou retido na memória. Nelson de Matos, que nos deixou agora e que nos deixou tanto para olharmos e lermos, falou nas "Giestas da memória". Tanta imagem que fica enleada nos nossos pensamentos. Tanta vivência ilustrada por memórias que ficam e se recomendam. Outras não, mas essa é outra conversa.

Ana Lua Caiano tem com certeza boas memórias visuais, isso percebe-se na sua obra musical, tão recente mas tão consistente. É ela que vai estar à conversa com o João Francisco Vilhena, na próxima quinta-feira, às seis e meia da tarde, na biblioteca da Sociedade Nacional de Belas Artes. A sala é grande. Cabemos lá todos. Até lá.

Isto não pode acontecer

Querem ficar "orgulhosamente sós", como defendia o seu guru Salazar. Portugal só para os portugueses, como se fossem eles os únicos portugueses sérios e de bem. O ódio a quem não é como eles cresce e agride.

Há já muitos anos mataram Alcino Monteiro em crime racista de "apuramento da raça". Agora insultaram e agrediram o actor Adérito Lopes — que teve de ser hospitalizado — interromoendo assim a peça em cena n' A BARRACA. Estes energúmenos, agora com ampla representação parlamentar (ou ainda acreditamos que estes grunhos surgem das pedras?), usam o terror como estratégia. Claro que não vamos para dentro a estremecer de medo mas, caramba, ainda vivemos em liberdade e em democracia. E queremos continuar assim. O sistema democrático (esse grande atropelo para os intentos do líder do partido fascista no parlamento) protege-nos legalmente desta corja. Racismo tem de se crime. Fascismo não é opinião - é crime.

E é verdade que existe um problema sério de segurança nacional. Esse perigo chama-se extrema-direita e está dentro do partido Chega e revela-se nestas acções dos seus seguidores criminosos .
Lembremos Alcino. Solidariedade com Adérito.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Recordar é viver

 “Hoje eu tenho de sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas”Aníbal Cavaco Silva, então Presidente da República Portuguesa, no dia 10 de junho de 2008. 

ORGULHO RACISTA | O partido fascista bem podia pendurar o retrato deste fundador das ideias frustes nas paredes das suas sedes. A ignorância ilumina-os. A estupidez engrandece-os. 

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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Com a vossa permissão...

Fotografia DR
Assisti à sua jubilação, na Universidade de Lisboa, em dezembro de 2024. O discurso de despedida não foi um adeus, foi antes uma assertiva interpretação do que estava para vir. Senti a emoção e o entusiasmo na sala. Os discursos de António Sampaio da Nóvoa são vibrantes de emoção, porque são rigorosos de conhecimento e razão. Cita os melhores e aponta sugestões e caminhos. Nunca clama por autoridade ou restrições à cidadania. A Liberdade é o mote. Sempre. Aponta a Cultura como um trilho exigente mas possível de percorrer. Das suas ideias relevam-se a tolerância, o conhecimento, a participação cidadã. Nas suas palavras todos cabemos. Todos percebemos a extrema importância da educação. Todos vivemos o rigor do trabalho. Todos sentimos a liberdade e a inteligência.

Já foi o meu candidato. Voltaria a apoiá-lo. Percebo que não se queira misturar com os já anunciados candidatos de plástico, permitam-me a arrogância, mas acho mesmo isso. Mas era a maneira de nos sentirmos com representação na labuta eleitoral. Se somos muito melhores do que eles, qual a razão de não propormos os nossos melhores para nos representarem? Os candidatos egocêntricos de pechisbeque têm que ser confrontados pela inteligência e pelo rigor intelectual. A política exige-o. A democracia recomenda-o. Vamos pensar nisto?

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Das comadres e das verdades

Trump zangou-se com Musk. Que surpresa. Mas então não é o liberalismo económico o motor destas amizades? Não é a economia a causa que os move? É, claro, as suas economias pessoais. Musk não concorda com atropelos às suas regras económicas. Trump é um fanático das energias fósseis. Musk é um fanático do seu próprio poder económico. A coisa tinha que correr mal. Mas confesso que o nível da contenda foi além da minha imaginação. É que falamos de gente que controla o país mais poderoso do mundo. Os "argumentos" chegarem ao nível de convívio em casa de alterne é, apesar do nível a que esta gente nos habituou, tão rasteiro que incomoda os mais tolerantes e permissivos. Toda a gente sabia das práticas sexuais de Trump. Trump não é um devasso apenas; é um predador sexual e um corrupto financeiro. Um escroque. Trump e Musk são comadres zangadas, mas muito mais rascas do que as envolvidas nos enleios que até aqui conhecíamos. São bandidos em disputa. A extrema-direita é mesmo assim. Os fascistas no poder são assim.

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Está aí alguém?

Tivemos durante muito tempo candidatos a candidatos. Agora já temos candidatos a sério, mas essa certeza não garante que esses candidatos sejam sérios. Todos, com excepção de Seguro [enjoado, mas verbalmente bem comportado), dão erros até a falar ou simplesmente "a dizer coisas". Desde "cidadões" até irem "de encontro", todos, excepto Seguro (enjoado, mas pronto), atropelam a gramática indo frequentemente "de encontro" não se sabe bem ao quê. O fascista boçal e alarve é sempre o candidato a tudo e ostenta muito apoio popular, nem que para isso tenha que reforçar as promessas de salvação com uns achaques de ocasião. Vale tudo, para iludir incautos.

Algo de novo paira no ar eleitoral. Desde que a hipótese do almirante surgiu que regressou também a ideia do "respeitinho é muito bonito". Qualquer reparo nas inabilidades verbais ou nos erros de interpretação do que é uma democracia política por parte do candidato, é logo classificado de má educação por alguns atentos seguidores do esbelto e atraente militar. Está instituído que temos que nos render ao "charme" do candidato militarista, e esquecer os graves disparates que debita. A vocação que esta gente tem para andar a "toque de caixa". Grandes doutores com altas classificações académicas e militares de altas patentes estão no terreno, portanto. O fascista foi imposto por Deus e representa-O aqui no rectângulo. Respeitinho. A mediocridade verbal — e mental , já agora — e a incompreensão das ideias de viver em sociedade e das propostas culturais não são para levar a sério. O que interessa é que gostam de "Deus, Pátria e Família", e polvilham o discurso com o incenso salvador da trilogia sinistra bem portuguesa dos três éfes (vocês sabem do que se está a falar). Vivem bem com pouco. "Pobrezinhos mas honrados". "As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha". Provavelmente é melhor assim. Perante um governo que convive culturalmente com apologistas do descarado plágio e da cultura p'ra pular, e que parece estar para durar, um Presidente sem ideias, ou com a cabeça inundada de "ideias de merda" (os adeptos do almirante de água salobra que me perdoem a linguagem) tem mais condições para aconchegos políticos de ocasião. Quem quer cultura que a compre. O ministério foi acrescentado por outras distracções. O novo liberalismo não alinha em conteúdos pouco ou nada lucrativos. Deus lhes dê protecção, que nós andamos com pouco vagar para fantasias.
Nenhuma destas criaturas vai ter imagem impressa na minha camisola. Sinto um profundo desprezo pelo fascista: é insolente, apologista da ignorância mais obtusa e defensor da severa autoridade. Não é admissível em democracia, nem suportável em sociedade. Os fascistas combatem-se, não se suportam. Os outros também não suporto assim muito bem, mas pronto, que circulem e conversem. Falou e andou, e logo se vê quem ganhou.
Mas, atenção, é preciso termos alguém. Aguardo o candidato que possa unir a Esquerda e que afronte, na segunda volta, o militar salvador que despreza a política. Pelo menos ficamos a saber com quem contamos. Precisamos de recuperar o entusiasmo. "Seremos muitos, seremos alguém", como escreveu e cantou José Afonso. Está aí alguém ao fundo?

quinta-feira, 5 de junho de 2025

No país do futebol e das touradas reais

O empresário que ocupa o lugar de Presidente do Conselho de Ministros, já conseguiu reunir um número necessário de pessoas humanas para formar governo. Assim de repente parece que o objectivo foi homenagear o bom trabalho anterior.

A Saúde fica entregue a quem a quer tornar rentável, partilhando-a com outros empresários do sector. E a Cultura vai para quem está ainda mais distante da dita do que a ocupante da pasta que agora vai para de onde veio, e de onde nunca devia ter saído. A Cultura é coisa de intelectuais que não serve para nada, ou que quando existe só dá chatices. Tudo como dantes. Isto é: tudo na mesma, como a lesma, que é o que diria a minha avó. De resto, agora vamos ter uma oposição a fingir que está morta — esperemos que nem toda —, enquanto a que a gente pensava que já tinha morrido vai zurrar até que a voz lhe doa, e não vai descansar enquanto não for berrar para as cadeiras do sistema que tanto odeia.
Já agora: parece que o Presidente da República adiou uma visita de Estado para ficar a ver um jogo da bola. Isto não é um país, é um sítio com um relvado de futebol, uma arena para as touradas e um palco para os cantores manhosos. Alguém sabe onde se encontra a porta de saída?

Receituário



O SALTO DA TIGRESA | Vivienne Westwood vai estar no MUDE. Activista política e ambiental, foi uma criadora que percebeu o mundo e fez tudo para o incluir na sua actividade. Esta exposição no MUDE é uma homenagem à criadora de moda e mulher com atitude. Meia centena de peças de sua autoria ficam assim à disposição dos nossos olhares. Assim de repente parece-me iniciativa imperdível. Mas cada um sabe de si.

Novo Governo

Diz-se por aí que a jotinha Margarida Balseiro Lopes vai para a cultura. E a cultura, alguém sabe para onde vai?!


quarta-feira, 4 de junho de 2025

Democracia é quando a direita quiser

O texto que se segue é do meu amigo José Simões, "líder" do incrível blogue www.derterrorist.blogs.sapo.pt/ Sítio muito recomendável. Eu não perco pitada.

"Um terrorista-bombista não foi eleito vice-presidente do Parlamento e o taberneiro teve um choque de frente com a realidade e com a democracia, uma deslealdade para com o segundo partido, disse ele, depois de na legislatura anterior toda a sua bancada se ter literalmente cagado para a lealdade e boicotado a eleição do presidente do Parlamento, deputado oriundo da bancada maioritária. E depois foi comovente ver um bronco saído da série interminável produzida pelas jotas partidárias, alçado líder de grupo parlamentar, bem sucedido na vida à pala do cartão do partido, ao telefone com o taberneiro a alinhavarem acertos de contas com o voto privado dos deputados das respectivas bancadas. E ainda mais comovente foi ver a segunda figura da hierarquia do Estado, eleita inter pares, a explicar-se na bancada do partido da taberna no fim do plenário, depois de na anterior legislatura ter sido enxovalho, na eleição e na legislatura, pelos apóstolos do taberneiro".

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Contra os novos fascismos

Os encontros à esquerda recomendam-se e estão a acontecer. Quem quer participar o mais possível nas manifestações que se sucedem, fica de mãos atadas perante algumas situações. Hoje vai-se dar um encontro na livraria Almedina Saldanha que lança este desafio: Esquerdas: como dar a volta? Que quer dizer: como reagir a esta ofensiva ordinária da extrema-direita fascista? Mas exactamente à mesma hora vai decorrer no Chiado, muito mais perto do meu poiso diário, uma manifestação de solidariedade com a Palestina agredida pela extrema-direita fascista. Muito sinceramente acho que a malta tem de se organizar de maneira a que estas sobreposições de datas e horas não aconteçam. Mas, vamos lá caminhar para onde nos chamar mais a consciência Cidadã. O importante é participar.

Também é importante assinar a petição que está a correr de solidariedade com a Palestina. Basta ir aqui: www.emcausa.org e preencher.
Vamos lá reagir à barbárie fascista em curso. Sim, à barbárie, que está a acontecer verbalmente de forma vil e mentecapta no parlamento português, e que mata e humilha pessoas na Palestina. Não podem passar. Isto tem de acabar.
Cartaz de André Ruivo

terça-feira, 3 de junho de 2025

As evidências do almirante

A retórica é fastidiosa. Retiro da conversa da treta o que me esclareceu melhor sobre o carácter do ex-almirante para além da lustrosa vaidade disfarçada de bonomia forçada. Sandra Felgueiras refere declarações suas anteriores para introduzir o tema "serviço militar obrigatório": "Iremos defender a Europa até morrer", interrompe com um sorriso de orelha a orelha: "isso é uma evidência". Foi um dos momentos felizes, que lhe ornamentou com um luminoso sorriso a face austera de militar ajustador.

Sobre a eutanásia, é "pró vida", percebendo-se que não percebeu nada da lei em questão. E sobre a lei de interrupção voluntária da gravidez respondeu: "esse assunto está resolvido na sociedade portuguesa". Não respondeu, portanto. Porque o assunto vai voltar quando tivermos os ferozes fascistas em guerrilha "pró vida" no parlamento. Concluindo: ser "pró vida", quando a vida ainda não existe, mas defender como "uma evidência" a morte de jovens em guerras decididas por militares e políticos defensores das suas próprias orientações políticas, revela muito do pensamento deste candidato a Presidente de todos nós. Meu candidato não é seguramente, e espero que continue a espalhar-se ao comprido nos debates. Nem todos estamos rendidos aos "argumentos" desta gente convencida que vai salvar Portugal. Vão lá salvar quem os fez, e deixem-nos em paz.
A entrevista aconteceu na estação de serviço televisivo que é pertença de um dos seus mais descarados apoiantes. Já tem TV oficial de campanha, está na cara.

Temos que fazer alguma coisa

 Muita coisa. Sempre!

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Álvaro Arranja


Morreu o Álvaro Arranja. Conheci-o no tempo da nossa adolescência. Estivemos juntos em muitos encontros onde a cultura e a política se cruzavam e actuavam.

O projecto BOCAGE/BODONI, onde inventei uma relação de amizade entre o poeta Bocage e o tipógrafo/grafista Bodoni, contou com a sua participação escrita na publicação que registou em documento impresso (fotografia em anexo) a sessão que decorreu na Casa Bocage, em Setúbal.
Álvaro Arranja foi um historiador que se preocupou em contar o que se passou no movimento operário da região. Era um homem de esquerda que faz falta ao combate que se impõe contra a extrema-direita fascista. São os historiadores que contam o que aconteceu com imparcialidade e inteligência. Os idiotas da extrema-direita que dizem coisas não sabem ler nem escrever. O Álvaro Arranja sabia ler, escrever e contar. E contava as histórias da História com o rigor que exigia a si próprio. Vai fazer falta. Gente boa faz sempre falta. Muito obrigado, Álvaro Arranja. Foi bom viver no teu tempo.