Muito sinceramente já não se percebe muito bem esta coisa do rigor a declarar para se ter actividade política. Passámos do domínio das percepções para as interpretações. Só pode ser isso.
António Costa, sem negócios pessoais nem contas bancárias a declarar, sentiu-se demitido por causa de um parágrafo de um texto da procuradora de então, que alegava umas determinadas percepções. Mariana Mortágua foi acusada de estar a acumular por escrever textos políticos na imprensa. Vejam só. Com Galamba foi o que foi, e nem é preciso dizer mais nada. Agora parece que há um político que acumula poder político com negócios e não tem medo de ninguém. O que tem isso de mal? Cada um tem que ganhar a vida, não é verdade? O primeiro-ministro está a tratar das suas contas pessoais e das contas dos donos disto tudo. Saúde e ensino estão em transição para mãos sedentas de dinheiro fácil. A saúde e o ensino são negócios em que vale a pena investir. No privado é que está o ganho. O Presidente, perante tudo isto encolhe os ombros e assobia para o lado (digo eu, pois nem isso se sabe. O homem anda desaparecido pelas salas do palácio). A crise política não é percepção nem interpretação de analistas mal intencionados. A crise é real e vai trazer estragos. O Presidente que vai ficar para a história como o responsável pela entrada em força de fascistas no parlamento, está literalmente à rasca, como às vezes se diz. Bem pode limpar as mãos à parede.