Trump quer fazer uma limpeza em Gaza. Varrer de lá o que o chateia — gente, pessoas — e instalar condomínios de luxo para diversão dos seus "maravilhosos" apoiantes. "Aquilo está tudo destruído", diz. Logo, a América toma conta do território e limpa tudo e deixa aquela terra um brinco. Diz isto ao lado do criminoso que mandou destruir. Parece que a destruição aconteceu como desastre geológico.
Este é o conceito de avanço económico que os neoliberais têm para o mundo. Os neoliberais são fascistas quando é preciso. Trump esquece que há regras internacionais — ou não sabe que existem. Ou quer que passem a não existir — que definem limites a estas atitudes expancionistas. Trump e Putin associam-se na necessidade de controlarem o mundo. Trump toma decisões infantis, inspiradas em jogo do monopólio, e apresenta-as como irrecusáveis. Já aprendeu com Putin a ter uma comunicação caseira para convencimento dos tolos que o elegeram, e tomando os outros por parvos. Trump é elogiado internamente como se as coisas que diz fossem inteligentes - verdadeiros achados de governação. Mas Trump não é uma criança a espalhar brinquedos no quarto. Ele está a falar a sério. Trump é um criminoso com papel passado, que agora quer passar dos crimes sexistas e fiscais para crimes que atingem a vida de pessoas. Estamos perante um criminoso muito perigoso. Como isto aconteceu é que ainda não estamos muito bem a perceber. Mas tudo leva a crer que é metade dessa entidade abstracta a que se chamou "o povo" que quer um regresso aos tempos imperiais. Esperemos que Trump fique na História como "o tirano que não o conseguiu ser", e que os historiadores o classifiquem apenas como ridículo. Esperemos.
Imagem: "Gaza’s Riviera" cartoon de André Carrilho.