Fernando Rosas é um historiador que exerce a sua actividade com afinco e coragem. É um professor que resiste e insiste em transmitir o seu conhecimento para além das quatro paredes da sala da universidade. Vejo Fernando Rosas ombrear com os grandes "intelectuais públicos" do nosso tempo, expressão que Rui Bebiano encontrou para definir Tony Judt, no seu livro TONY JUDT, HISTORIADOR E INTELECTUAL PÚBLICO, em que homenageia e descreve a acção do historiador inglês.
São testemunhos do que estou para aqui a dizer as intervenções televisivas em que Fernando Rosas participa. Intervenções de grande qualidade comunicativa, reveladoras de um extenso conhecimento que o historiador não se inibe em transmitir. É também confirmação da sua acção como intelectual público tudo o que escreve e publica para nosso prazer e sorte. Neste DIREITAS VELHAS, DIREITAS NOVAS, publicado por Edições tinta-da-china, descreve as trocas-baldrocas em que os novos fascistas se envolvem para imporem — e estão a conseguir já em demasiadas geografias — a instauração de regimes autoritários. Podemos chamar a esta tristeza O ETERNO RETORNO DO FASCISMO, como definiu Rob Riemen o avanço da extrema-direita, em livro publicado pela Bizâncio em 2012.
Este DIREITAS VELHAS, DIREITAS NOVAS é o livro que faltava para uma melhor compreensão do atropelo civilizacional a que estamos a assistir, em que uma direita dita democrática se encosta sem vergonha à extrema-direita fascista, preenchendo a agenda dos ajustamentos cúmplices. Vamos ficar a assistir? Não deixemos que o mal se banalize, como definiu Hanna Arendt — BANALIDADE DO MAL — o imobilismo que pretende tornar tudo perceptível e relativo. Debater este assunto, insistir na sua compreensão e lutar contra o seu esbanjamento pelo mundo é o que deve ser feito. Esta é a minha opinião. Sempre foi E calculo que seja a opinião de Fernando Rosas. É por isso que vamos estar a falar com ele no próximo dia 14 deste mês, na sala José Afonso, da Casa Da Cultura | Setúbal. Seja bem-vindo, quem vier por bem.