sábado, 22 de fevereiro de 2025

A morte saiu à rua

José Afonso deixou-nos há trinta e oito anos. Morreu no dia 23 de fevereiro de 1987, no hospital de São Bernardo, em Setúbal. Os amigos sentiram o vazio. Ainda sentem. A presença física era importante. Foi atento e interventivo, sempre animado por um sentido de humor denunciador de situações  ridículas e esclarecedor de  trapaças. Saudade dessa presença atenta.

Mas a intemporalidade da sua obra e o seu exemplo como cidadão atento à realidade são tão importantes que até parece que ele ainda anda aí. A reedição dos seus trabalhos gravados e a publicação da obra poética são exemplos marcantes que confirmam o seu valor universal. José Afonso é uma grande figura do mundo artístico e intelectual do nosso tempo. É por tudo isto que temos a viva percepção — a volta que ele daria a esta palavra tão usada pelos novos vampiros — de que está connosco. E está, apesar de ter morrido num dia assim do ano de 1987. Há pessoas que nunca serão esquecidas. São as que viveram em voz alta e nos fizeram pensar.