AS PALAVRAS, A MÚSICA, A ATITUDE | Vou participar no CONGRESSO INTERNACIONAL JOSÉ AFONSO, neste domingo, a partir das seis da tarde. Gosto sempre de falar de José Afonso, mas gostei muito mais de falar com ele. Conheci o seu trabalho antes de saber que ele morava em Setúbal, muito perto da casa dos meus pais, onde eu então morava. Ouvir "Vejam bem", e todas as outras músicas do álbum "Cantares do Andarilho" abriu-me a cabeça e os olhos. E até hoje fiquei nesse estado: cabeça e olhos abertos.
A audição daqueles sons diferentes de tudo o que até aí me tinha passado pelas orelhas provocou-me uma insistente curiosidade intelectual e um profundo desprezo pela música romântico-sexista que os cantores manhosos então trauteavam para desespero dos nossos sentidos. Perdi definitivamente a pachorra para a foleirada vigente. Ganhei vontade de perceber a razão daquela diferença de concepção artística. Percebi a genialidade. E percebi a vontade de mudar. Tudo mudou com a chegada de José Afonso às nossas vidas. Essa percepção é universal e atravessa gerações. A intemporalidade da obra de José Afonso marca os nossos dias. As recentes reedições provam-no.
O conhecimento pessoal de um ser humano que é uma referência na cultura e na atitude cidadã foi um privilégio. Hoje vou conversar com o Henrique Guerreiro e com a Luísa Ramos sobre os tempos em que convivemos com José Afonso na cidade e não só. Temos coisas para dizer, garanto. O que for soará. Até já.
Programa: aja.pt/congresso-2024