Lembram-se? Era uma série americana televisiva muito manhosa, só ultrapassada em ridículo, um pouco mais tarde, pelos shows de Donald Trump. Lá como cá, é das televisões que parece saírem agora os candidatos a Presidentes. Apeteceu-me fazer esta comparação: "Só me saem é duques", diz-se por cá quando a sorte não espreita. É a nossa má sorte.
O crescimento da direita mais extrema em Portugal faz-me lembrar estes direitolas televisivos. Já tivemos um primeiro-ministro que, não sabendo ler nem escrever, só se gabava de saber contar. Esse iletrado ser humano é agora considerado pelo comentador do reino dos grunhos o melhor primeiro-ministro em democracia. O pequeno comentador — acreditem: não é ironia aplicada à sua pequenez física. A avaliação física não é castanha do meu cartucho — chega-se à frente como o mais compreensivo dos comentadores-avaliadores de paróquia. A homilia é propalada aos domingos à noite, depois das notícias que a SIC seleciona. O paroquial comentador elogia à esquerda e à direita. Pisca o olho ao centro, e compreende a extrema-direita. Quer ver se cai nas graças do seu eleitorado básico - também não é ironia. Elogia o que é lamentável, pondo-se assim em bicos-de-pés para que os seus seguidores o lancem para a frente de batalha eleitoral. As banalidades e sugestões de exercícios políticos surgem como estratégia. Marcelo Rebelo de Sousa é inspiração. Foi como opinador especializado nestes conteúdos nada especiais que se tornou Presidente. Um dos mais lamentáveis presidentes, diga-se, e aqui não há ironia de espécie alguma.
Se o agora opinador de serviço vier a habitar o palácio de Belém, o PPD/PSD, partido de onde sairam quase todos os cinquenta deputados fascistas que vegetam no parlamento, passa a ser o partido que mais apetrechos angaria para valorizar o Museu da Presidência. A direita já anda a reunir as sobras. A tralha cavaquista começa a sair dos baús infectos. São três peças rascas para exibição em museu serôdio e triste. Fica a memória triste.