quarta-feira, 30 de outubro de 2024

O desassossego de abril

Foi mesmo um desassossego. Eu vi. Eu estava lá. E o Nuno Saraiva também. E o Manuel S. Fonseca também. O Manuel pôs tudo em palavras e o Nuno desenhou. Como estiveram lá lembram-se de muita coisa. E quem não sabe pergunta, lá dizia antigamente o povo. Eles foram perguntar e procuraram mais informações e opiniões para depois transformarem tudo nesta obra soberba que agora é motivo de conversa entre o Nuno Saraiva, o Pedro Soares e este vosso amigo. 

O que se passou naquele tempo tão especial está aqui tratado com inteligência e humor, que é a melhor maneira de se perceber a inteligência. Há por aqui discussões, manifestações, balbúrdias, gritos de revolta, gritos de alegria, liberdade, muita liberdade, libertinagem até, liberdade sexual, sexo, vontade de falar, vontade de perceber tudo o que se passa, vontade de participar. Nos dias e nas noites que testemunharam este tempo único e fascinante aconteceu tudo o que a nossa imaginação tolera, mais o que nunca se imaginou que tolerasse. 

Foi o nosso tempo de então, que ainda é o de hoje. Cinquenta anos depois de tudo isto, depois de conquistarmos a liberdade, muitos dos que estavam contra nós elegeram cinquenta deputados fascistas que conspurcam o parlamento e esbanjam ódio e a apologia do crime pelo Estado. Foi o estado a que isto chegou. Este livro do Nuno e do Manuel entram nesta nova batalha contra o fascismo e os fascistas. Que se lixem os fachos, diz o Nuno numa ilustração. Que se lixem, pois. Este livro é a alegria no combate. 

Apareçam, no próximo sábado, às quatro da tarde, na Casa da Cultura, no espaço que se orgulho de ter o nome de João Paulo Cotrim. Até lá.

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