domingo, 25 de agosto de 2024

O que vale a pena para além das tontices?

Muito aconteceu nos dias da estação tonta, para além das tontices. Morreu Gene Rolawnds, e essa ocorrência é caso sério no panorama das artes. Falamos de uma grande actriz com lúcidas opiniões sobre a sua actividade. Uma grande, grande actriz que merece revisitação. É a notícia mais triste e mais importante da temporada imbecil. 

Também morreu um actor fascista que parece que era muito bonito e com grande dom de se expressar ao ponto de deixar muita gente excitada. Não consigo gostar de fascistas, nem bonitos nem feios. Nem frustes, nem talentosos. Humildemente peço desculpa. Não é sectarismo - é higiene. Metem-me nojo. Tenho tanto filme para ver sem eles. Eles aparecem em filmes de que gosto, é certo. Figuram como objectos de representação e vão-se embora. Ficamos assim. Não misturo nada, nem dissolvo. Cada um com as suas atitudes. É para isso que temos atitudes. Olhem: puta que os pariu.

Das tontices destaco a postura do "coaching" de todos os portugueses olímpicos. O infelizmente primeiro-ministro parece que treinou todos os participantes, encorpou a figura de comentador (neste caso comentador desportivo. Deve ser aprendiz do outro, o de Belém, que sabe comentar tudo o que mexe) e foi receber as medalhas. Jornais e televisões não falaram em outra coisa. O homem parecia doido, em pose de emplastro, envolto naquele polo ridículo feito a partir daqueles lenços de namorados com erros ortográficos.  A pompa divulgadora ultrapassou a circunstância. Mas o inefável Hugo Soares, líder "paralamentar" do PPD/PSD, queixou-se da insuficiente cobertura mediática. Diz o cretino que foi a primeira vez que um primeiro-ministro trouxe uma medalha de ouro e uma medalha de prata dos jogos olímpicos. Um primeiro-ministro, leram bem. Foi o homem que treinou aquela gente toda em poucos dias de serviço. Bem, toda a gente não. Foram só os que ganharam medalhas. Enfim, tanta tontice não mata, mas já enjoa.

Também houve por lá uma confusão com os géneros. Os parolos homofóbicos, sexistas, machistas e outros "istas" que não vêm agora ao caso, andam em deriva de reconquista. Querem voltar ao tempo da segregação. Querem correr com quem eles não consideram ser puro e digno de estar com eles. Confundem tudo. Fazem-no de propósito. Querem regressar ao tempo dos egrégios antepassados. A estupidez mina-lhes a cabecinha oca. A parolice está-lhes estampada na cara, E fica-lhes tão bem.

O partido fascista quer referendar o que não é referendável: perguntar ao povo se quer ou não quer imigrantes. Diz que não se podem dar apoios ao essa gente que vem lá de fora. O partido fascista esquece que os imigrantes que estão a trabalhar em Portugal contribuem muito mais para a Segurança Social do que o que recebem. A proporção deveria envergonhar o traste Ventura. Mas não, o cretino desata em exigências que se encostam à delinquência política. As televisões revelaram também uma outra tristeza: pareceu-me estranho que muitos imigrantes quisessem ser fotografados, em pose sorridente, com o maior mentiroso da política portuguesa. Não se percebe: houve manipulação pelo partido fascista daquelas pessoas estrangeiras ou são os imigrantes que querem bajular o seu carrasco? Não percebo mesmo. Mas lamento, seja lá o que for.

E lá fora Kamala cresce. Falei aqui na possibilidade de a oposição ao fascista Trump poder ganhar entusiasmo com esta candidatura dos Democratas. Estou contente por ter acertado. Trump na presidência do país mais influente do mundo é uma ameaça. Ameaça fascista que encorajaria os fascistas de todo o mundo ansiosos por poder. Ventura incluído. Não, em política nunca se pode dizer que são todos iguais. Nada é igual a Trump. Trump é um delinquente condenado. Kamala e Walz não leram os livros que eu li, os filmes que eu vi, não ouvem a música que eu ouço, não gostam do trabalho dos artistas visuais de que eu gosto. São crentes e eu não. Mas têm vontade de derrotar um farroncas que não lê, não vê filmes nem obras visuais, despreza pessoas e é crente mas em si próprio. Julga-se um iluminado, apesar da falta de brilho. A política nos EUA não respira o mesmo ar que nós respiramos aqui na Europa. E mesmo na Europa somos diferentes. Uma fascista admiradora de Mussolini a governar Itália, e a impôr como não quer a coisa a agenda fascista do século XXI, é de causar arrepios. Portanto, somos todos diferentes, mas não queremos fascistas no poder. Trump, não! Kamala, sim! Porque sim.

A estação do ano em que os tontos andam em reboliço passou e não deixa saudades. Agora é deitar a tralha fora e tratar das coisas a sério. Aproxima-se Setembro. Vêm aí as grandes novidades. E também as continuidades. Vamos ver pelas costas gente reles como Trump, Ventura, Rabascal, Meloni, Bolsonaro, Putin e todos os praticantes da extrema-direita fascista?
Claro, vamos fazer todos por isso. Sempre.
Um bom recomeço para toda a gente. 

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