quinta-feira, 4 de julho de 2024

Atrás dos tempos vêm tempos...

O Fausto morreu, O Zeca também... e eu não me sinto nada bem. A comunicação social — jornais impressos e televisões — tornou-se assim uma espécie de secção de propaganda de quem está no poder.

O Fausto morreu, O Zeca também... e eu não me sinto nada bem. A comunicação social — jornais impressos e televisões — tornou-se assim uma espécie de secção de propaganda de quem está no poder. Calculo que os meus amigos tenham um ror de exemplos para dar aqui a esta estampa. Falo do trabalho recente dos principais orgãos de divulgação de notícias, que não são falsas mas falseam. Ou seja: transmitem o que o governo quer divulgar. Morre um dos maiores nomes da cultura portuguesa do nosso tempo, mas as notícias dos jornais preferem Ronaldo, ronaldinhos e ronaldetes em choro de Madalena, porque o seu ídolo falhou um pontapé na bola. O fim de Fausto é um assunto de fim de edição. Qualquer notícia, sobre um qualquer parente de um cantor "pimba" teria melhor tratamento mediático. Já sem falarmos na vergonhosa atribuição da medalha da cidade de Lisboa ao inenarrável Tony sem carreira, colocada no peito da espécie de artista pelo pior presidente da Câmara de sempre. Vergonhoso. Vergonhosa ignorância, ou talvez não.
A máquina está oleada. Jornalistas, repórteres fotográficos e operadores de imagem estão permanentemente ligados à secção de propaganda. Não há desastre onde não apareça Montenegro, qual mediático bombeiro de serviço. Percebendo França, o gabarolas exibe-se em "corajosas" tiradas contra Ventura e os ainda indefectíveis membros da policial corja que insiste em segui-lo. Os polícias que o sabem ser já não alinham pelo trafulha do partido com nome de insecticida, e a secção de propaganda Montenegro actua às descaradas. Sempre foram assim, mas agora estão pior. Estão do piorio.
Na imagem observamos José Barata-Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Manuel Freire, Fausto, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira em concerto histórico. A partir daqui a música portuguesa passou a ser outra coisa. Percebeu-se que havia ali urbanidade e cosmopolitismo. Os parolos que nos governam, mais os que nos "informam" nunca deram por nada. Chafurdam naquela cultura de algibeira conspurcada de sexismo e estupidez.