quinta-feira, 6 de junho de 2024

Ben Vautier

Chegou a cultivar o paradoxo. Escreveu "tudo é arte", mas também "a arte é supérfula". Escreveu centenas de frases. A palavra foi fundamental na arte de Ben. O humor conquistou os apreciadores do seu trabalho. Estas inscrições tornavam-se reflexões que estimulavam confusões. A arte, que é tudo, não tem que apontar soluções. A Arte também não serve para nada, e é por isso que é tudo. Não há soluções genéricas. Cada um encontra as suas. Ou nunca encontra coisa nenhuma. Onde está o problema de não acertarmos? O que nos distingue é muito mais do que o que nos une. Daí a nossa insistente vontade de nos associarmos uns aos outros em grupos de opinião, crítica e vontade de fazer coisas. A diversidade faz avançar tudo. O seguidismo cego e obtuso mata.

Ben morreu um dia depois da morte de sua mulher. Morreu de amor. Aquela ausência não o deixou continuar a ditar palavras de esperança ou derrota. "Fico por aqui", poderia ser a sua última inscrição. A Morte entrou no seu vocabulário. A morte é assim mesmo: definitiva. Fica a Arte de Ben. Foi bom termos vivido no seu tempo. Eu gostava muito dele.

Ben Vautier. Muro das Palavras (1995). Blois, França.

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