quarta-feira, 3 de abril de 2024

Os velhos do restolho


Até parece mentira. Tomam posse e revelam logo a ignorância e a estupidez. Só a mesquinhez os anima. O infelizmente primeiro-ministro de Portugal tomou a primeira decisão rasca, que condiz com a sua condição cultural.

O Logótipo passou de imediato a ser aquela bosta imposta no tempo do passismo. Passadista e serôdio, portanto.
Hoje é um dia triste para o Design português, diz o Paulo Graça — neste texto que aqui partilho, e diz mais adiante: "Não é apenas o trabalho do Eduardo Aires e da respetiva equipa que cai. Com ele caem todos os designers do país. Esta mudança desrespeita-nos a todos. Falha-se mais uma vez em dignificar justamente esta profissão." Começaram bem, os idiotas que nos governam.


Um logótipo não é uma bandeira.
Uma identidade visual não se resume apenas a um logótipo.
Hoje é um dia triste para o Design português. O atual governo tomou posse e a primeira medida de Montenegro foi reverter de imediato a identidade visual criada pelo Studio Eduardo Aires. Ganhou o conservadorismo. Perdeu toda uma classe de trabalhadores que não foi ouvida nem reconhecida neste processo.
Uma decisão bacoca levada a cabo pelo ruído das redes sociais. Portugal, numa histeria colectiva revelou-se um país onde todos são designers. Todos contestaram uma pequena parte de um todo que nem se dignaram a ver na totalidade. Contestaram um valor que não perceberam, e que na verdade considero que tenha sido pouco para todo o trabalho envolvido. 70 mil euros que seriam meio milhão lá fora. Uma identidade aplaudida internacionalmente, e boicotada cá dentro.
Ninguém viu no entanto (ou tentou sequer perceber) os meses de trabalho de um sistema complexo e do mais completo que foi feito neste país, por uma equipa composta por alguns dos maiores profissionais desta área. A crítica fácil levou a que um dos grandes nomes do Design português fosse ridicularizado, e que a identidade em causa fosse retirada a escassos meses do seu lançamento.
Não é a primeira vez que identidades visuais institucionais icónicas são trocadas por soluções inferiores devido à irresponsabilidade/ignorância dos seus responsáveis autárquicos. Lembro-me rapidamente dos Municípios de Braga e de Arroios. No entanto, não tinha visto ainda acontecer tal fenómeno a uma tão larga escala, em tão pouco tempo, devido a uma “não polémica”, que nada mais é que a pura reflexão da ignorância que nos governa. Diz muito também sobre o pensamento e futuro da cultura em Portugal.
Não é apenas o trabalho do Eduardo Aires e da respetiva equipa que cai. Com ele caem todos os designers do país. Esta mudança desrespeita-nos a todos. Falha-se mais uma vez em dignificar justamente esta profissão.
Hoje o Design português está de luto. Amanhã, milhares de profissionais da área irão para o trabalho com o sentimento que mais uma vez, a sua área não é devidamente reconhecida. No fundo, mais do mesmo.
Parabéns Eduardo Aires, Dino dos Santos, e a toda a equipa envolvida no processo de rebranding que agora vemos cair. O que fizeram foi incrível, e o tempo irá certamente dar razão ao que construíram.
Por enquanto aqui fica o sistema criado, na sua totalidade, para que possa ser apreciado por quem tenha curiosidade, enquanto não é mandado abaixo: https://identidade.portugal.gov.pt
Gosto
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